Antigamente, mas não muito, todos os dias desabava um toró nas tardes de Belém. Religiosamente, a certa hora, a chuva torrencial se fazia presente na capital paraense. O tal toró era tão pontual que as pessoas marcavam compromissos para antes ou depois da chuva. E a vida seguia…
Quando viajei para Belém na semana passada, eu fui nessa expectativa da chuva de todos os dias. E assim, antes de sair do hotel para qualquer lugar, além de consultar a previsão meteorológica, eu voltava os olhos para o céu da Amazônia. Cuidados que se mostraram absolutamente desnecessários.
Em vez de pingos de chuva, o que eu via ao olhar para o céu era uma névoa fina tomando conta do ar. Um tom de tristeza, acentuado depois da noite de terça-feira, pela derrota do glorioso Clube do Remo para o Atlético Acreano, em Rio Branco, no jogo da ida das quartas-de-final da Copa Verde.
Para os torcedores paraenses com quem eu conversei, aquela derrota do Remo era inadmissível. O time não conseguira se classificar para a fase seguinte da Série C, ao contrário do inimigo Paysandu. E para completar, perdera para o Atlético, o time de pior desempenho na mesma Série C.
Vencer o Galo acreano, avançar na disputa e ser campeão da Copa Verde é tudo o que resta para o Clube do Remo dar alguma alegria aos seus torcedores em 2019. Aquela derrota no jogo da ida não estava, definitivamente, nos planos dos remistas. Nuvens pesadas em perspectiva.
Para que se tenha uma ideia do clima no Remo depois da derrota para o Atlético, os jogadores nem desembarcaram pelo saguão do aeroporto na sua volta à Belém. Eles foram direto para um ônibus estrategicamente estacionado nas imediações da aeronave. Puro medo da reação da torcida!
As esperanças do Remo agora se concentram no jogo da volta, marcado para este domingo (15), no estádio Baenão. E aqueles torcedores que foram “driblados” na chegada da delegação após a derrota no Acre são justamente os que podem fazer a diferença para uma eventual reação do time.
O estádio Baenão lotado se transforma num verdadeiro caldeirão do inferno para os times visitantes. Eu já presenciei viradas épicas, aparentemente impossíveis, do Remo nesse lugar. E a torcida comparece mesmo, independente da fase do time. Exercícios plenos de paixão e fé!
Com ou sem a chuva de todos os dias (ou tardes), como antigamente, paixão, fé, pirarucu, açaí, farinha, camarão, jambu e tucupi é o que não falta ao povo paraense. O Atlético tem que dar o sangue e jogar a vida se quiser ser feliz na capital das mangueiras. Nossa Senhora de Nazaré aceita orações!