Tá certo que o Brasil não venceu. O torcedor brasileiro ficou com o grito de gol entalado na garganta. No entanto, o empate sem gols não foi o fim do mundo, embora já cause preocupação na confiabilidade do torcedor canarinho para a conquista do hexa. Os mais de 50 mil brasileiros presentes ao estádio Castelão na tarde da terça-feira (15) esperavam por uma vitória diante dos mexicanos para antecipar a classificação à segunda fase da Copa do Mundo.
Deixando o resultado de lado, pôde-se observar um grande espetáculo, não apenas dentro de campo, mas também fora dele. Quem esperava um jogo de uma só torcida, teve que rever seus conceitos. Cerca de dez mil mexicanos se misturaram ao verde e amarelo nas arquibancadas do estádio Castelão para empurrar a seleção tricolor.
Com a bola rolando, as duas equipes deram pouco espaço, prevalecendo a forte marcação. O Brasil era um pouco melhor, mas tinha dificuldades na criação e no último passe. Na única boa chance brasileira, o goleiro mexicano Ochoa fez grande defesa, após conclusão do atacante Neymar.
No intervalo, Felipão tirou Ramires, já amarelado, mandando o atacante Bernard para o jogo. O Brasil não teve bom recomeço. Os mexicanos tinham mais posse de bola e finalizaram bem mais. O Brasil respondeu somente nos 25 minutos finais de jogo, marcando a saída de bola dos mexicanos e diminuindo os espaços.
Nem a imagem de Padre Cícero, presente nas arquibancadas da Arena Castelão, nas mãos de um torcedor católico, foi suficiente para apagar a vela milagrosa do goleiro mexicano Ochoa. Digo isso, após a cabeçada à queima roupa do zagueiro Thiago Silva, para a excelente defesa do goleiro mexicano, herói do empate.
Neste meu primeiro jogo de Copa do Mundo não tive a oportunidade de ver gols, ou tão pouco de comemorar uma vitória brasileira, mas ficou o legado da festa proporcionada por brasileiros e mexicanos dentro e fora da Arena Castelão. Um encontro de duas nações com variedades culturais, onde seus torcedores se misturaram nas arquibancadas, confraternizaram, vaiaram-se mutuamente, mas em nenhum momento perderam a postura, assim dando um verdadeiro exemplo de fair play.
Manoel Façanha, de Fortaleza