O futebol acreano não teve um bom começo nesta temporada. No primeiro torneio nacional disputado por uma agremiação local, o Rio Branco amargou a vexatória antepenúltima posição na disputa da 49ª Copa São Paulo de Futebol Júnior (126º). O clube acreano levou três chineladas, sofrendo 12 gols e marcando apenas um, registando a segunda pior campanha de um clube acreano no torneio (superando apenas a campanha do Juventus, em 2009).
Minutos após o terceiro revés, as redes sociais não perdoaram a campanha pífia do alvirrubro acreano. Choveram críticas para todos os lados. Muitos falaram do falho planejamento da equipe, assim como da baixa qualidade técnica de seus jogadores e também do modelo do torneio no calendário da Federação de Futebol do Acre (FFAC). No entanto, apesar de respeitar os “palpiteiros”, acredito que o fator financeiro tenha sido o principal motivo para o fracasso do alvirrubro no torneio paulista. Aliás, investimentos em nossas categorias de base talvez seja hoje o grande problema para a sobrevivência de nosso futebol. Costumo dizer aos amigos que futebol sem base é comparar advogado que trabalha sem registro na OAB ou médico que receita sem possuir CRM: não sobrevive ao tempo.
É preciso fazer entender a todos que o futebol moderno só funciona com investimento e planejamento. E somando-se a tudo isso, o clube ainda precisa não somente lapidar a parte física, técnica e tática do jogador. O clube precisa também contribuir com a formação educacional do atleta, assim mostrando a ele da necessidade do mesmo abrir mão de vários atrativos da vida, como noitadas, ingestão de bebidas alcoólicas, o vídeo game da madrugada, as várias horas dedicadas às redes sociais, dentre outros atrativos da vida moderna, para então conseguir vencer na carreira.
Por outro lado, entendo que a missão para se fazer categoria de base não é nada fácil em nosso futebol periférico. Vejo políticos, torcedores, cronistas esportivos, dirigentes cantarolando nos quatro cantos da cidade que a salvação de nosso futebol é a valorização das nossas categorias de base. Muitos citam como exemplo a base vitoriosa do técnico Álvaro Miguéis. E, realmente, não discordo que esse é o melhor caminho para o crescimento de nosso futebol (financeiro e técnico). E querendo contribuir para esse debate faço os seguintes questionamentos a respeito da palavra investimento. Onde encontrá-lo? Como fazer para tê-lo à disposição. E, por fim, como persuadir o poder público e os empresários a disponibilizarem recursos para o nosso futebol? E lembrem-se ainda: neste mundo capitalizado e cheio de interesses, seja na esfera econômica ou política, ninguém coloca um dólar para não querer lucrar dois. Fica a reflexão.