Augusto Diniz
No último sábado, pelas redes sociais, alguns se mostravam ansiosos com a volta de Anderson Silva ao ringue. Durante sua luta, foi possível ouvir gritos depois de cada golpe.
No dia seguinte, matérias na imprensa destacaram brasileiros – e celebridades do segundo escalão – que gastaram um punhado de dinheiro para ir a Las Vegas assistir ao combate vitorioso (por pontos) de Anderson Silva. Outros daqui mesmo exaltavam o retorno do lutador depois de um bom tempo parado por conta de grave lesão.
Na terça, frustração de quem despeja energia para acompanha-lo: ele foi pego em exame antidoping feito a quase um mês atrás. No velho estilo de que “nada sabia”, primeiro negou, em seguida informou não ter dito coisa alguma e, por fim, esclareceu que prepara sua defesa. Uns pedem a sua aposentadoria.
Anderson Silva não pode ser chamado nem de atleta nem de esportista. Trata-se de um lutador a serviço do entretenimento para uma plateia de gosto duvidoso.
De um ídolo do esporte, espera-se não apenas dedicação e empenho, mas capacidade de ser vitorioso sem humilhar ou degradar o adversário. O famigerado UFC, MMA e similares não são bem atividades nessa linha, pela forma violenta com que se processa a competição.
O golpe mais “admirado” de Anderson é um chute na cabeça do adversário. Há vídeos na internet que mostram a especialidade do brasileiro e como ele destronou seus adversários com uma só pancada violenta no crânio.
Anderson Silva é exemplo da banalização do ídolo em um País carente de referências.
A construção de um ser admirável como Anderson Silva teve forte influência da televisão – se não aparecesse insistentemente na tela, suas agruras jamais teriam se tornado algo louvável.
Fora da hipnose da TV, uma penca de gente torce pelo fim do circo e da barbárie – já basta o que se processa de violência no mundo real das pessoas.
Nesse quadro, me junto aos que pedem aposentadoria a Anderson Silva.