O anúncio oficial de Ronaldinho Gaúcho do fim de sua carreira profissional foi um tanto frio, apesar de ele ter sido um belo jogador em campo. A questão é que ele demorou muito para firmar a aposentadoria, quando a maioria já não acreditava que retornaria a jogar, muito menos como dantes.
Além disso, o Ronaldinho abusou da esnobação nos últimos momentos de atleta, quando passou a atuar por clubes brasileiros que contratam quem não tem mais espaço nos grandes times da Europa, mas dá para o gasto por aqui. O exibicionismo foi a tônica do agora ex-jogador, sem contar a enorme dificuldade em se mostrar ser boa praça e bem intencionado – conduta adotada pela maioria na hora em que vê chegando o momento de sair de cena, e por uma questão de consideração que recebeu da torcida e do futebol, tenta se apresentar um sujeito mais simpático, acessível e tolerante.
O Serginho Chulapa outra dia deu uma entrevista a um portal falando de suas aventuras quando jogador. Chulapa está longe de entrar na lista dos maiores do País, mas da boca dele saindo sobre as intermináveis farras na noite quando boleiro torna-se algo divertido e engraçado, não só pelo fato de serem histórias hilárias, mas por que é contadas por um cara simpático, agradável e, acima de tudo, verdadeiro com ele mesmo.
Tenho dúvidas se Ronaldinho Gaúcho, mesmo com toda fama interplanetária, conseguiria passar tamanha verdade de Chulapa. Não digo nem contado sobre a vida de baladeiro, coisa que ele foi também campeão. Digo sobre temas sérios. Ele, que mira agora carreira política, terá que superar a pecha de oportunista para se firmar como alguém comprometido com o interesse público e princípios mais autênticos – itens que ele nunca valorizou enquanto atleta.
Ronaldo Gaúcho lembra muito como Neymar pode acabar sua carreira, se não buscar mudar sua postura mais ligada à realidade, a atos de maior grandeza e caráter – se é que isso o interessa.
O fato é que o jogador atual largou a fama de canastrão-boa-praça. Ou ele é canastrão ou é ele boa praça. Não consegue mais lidar mais com as duas condições por que elevados patrocínios e acordos não permitem.
Então fica aquela coisa nebulosa: na frente das câmeras quer se mostrar um sujeito legal, mas sabe-se que nos bastidores trata-se de um grande canalha, pois não consegue esconder num simples gesto dentro ou fora de campo esse perfil – afinal, na era da auto exposição excessiva, não é só aquilo que se tenta dizer e fazer define o que se pensa do outro.