O apelido do rei

Antes de ser chamado pelo nome com o qual seria mundialmente conhecido, Pelé, o maior jogador de futebol em todos os tempos, tinha um apelido: Edson. Foi como Edson Arantes do Nascimento que o “rei” um dia recebeu seu batismo. O apelido não ficou. O que pegou mesmo foi o nome.

Mas essa singularidade de o apelido vir antes do nome não seria a única na vida dessa criatura ímpar que completa 76 anos neste domingo, 23 de outubro de 2016. A história do sujeito Pelé, eu diria, está cheinha de singularidades. Fatos que só podem acontecer mesmo com os iluminados!

Já nos primeiros dias de existência viria a primeira das singularidades, de acordo com os seus biógrafos. É que nascido no dia 23, o pai de Pelé, o também jogador de futebol Dondinho, o registrou como nascido no dia 21. Como assim? Ele teria chegado dois dias antes do fato?

E então, três anos depois, veio a nova singularidade que os biógrafos registram. Ao assistir uma partida do time pelo qual o seu pai jogava, pronunciando alguns poucos sons, o menino de Três Corações (MG) chamou um goleiro de “Bilé”. Virou então Pelé. Escolheu o próprio nome!

Precoce (e singular), aos 11 anos, em 1951, já morando no interior de São Paulo, ele foi convidado por um técnico chamado Valdemar Carabina para jogar no juvenil do Bauru Atlético Clube, o Baquinho. O mesmo Carabina que o levaria para integrar o Santos, cinco anos depois, em 1956.

Daí pra frente, o nome virou marca, a marca virou símbolo, o símbolo virou mito. O bom “crioulo” fez mais de mil gols, estrelou filmes, compôs músicas, namorou mulheres de todas as raças, fez um apelo pelas criancinhas, disse que brasileiro não sabia votar e conquistou a América!

Cada torcedor brasileiro sabe que muito do orgulho que bate no peito do país do futebol deve-se ao gênio desse Pelé que um dia foi Edson. Na Copa do Mundo de 1970, por exemplo, até os lances dele que “não deram certo” (os lances em que a bola não entrou no gol) passaram para a história.

E cada torcedor, seja dos contemporâneos da Copa de 1970, seja dos que chegaram ao planeta depois e só viram os teipes, tem o seu lance inesquecível. No meu lance inesquecível a bola não entrou. Foi aquele que o “rei” finta o goleiro uruguaio Mazurkiewicz sem tocar na bola! Exclamo!

É isso, prezados. O rei completa 76 anos neste domingo. Muitos dos seus milagres estão registrados por aí para quem quiser ver. Leite de pedra é certo que ele já tirou. Ainda não se sabe se ele transformou água em vinho. Mas é bem possível, sim. Vida longa ao rei Pelé, de apelido Edson!