O difícil prognóstico da fase de grupos da Libertadores

Depois de três fases preliminares, começa a fase de grupos da Libertadores 2018. O Vasco, único brasileiro na etapa eliminatória, conseguiu entrar no sufoco nesse momento em que oito grupos de quatro clubes se formam.

O caminho do Vasco à vaga de grupos mostra a pedreira que é superar obstáculos nessa competição. Quando nos três primeiros jogos dos vascaínos tudo parecia ir bem, eis que no quarto a equipe carioca teve que subir os Andes bolivianos, para enfrentar o Jorge Wilstermann, com enorme vantagem, mas que no fim só conseguiu a classificação nos pênaltis de forma dramática.

Na verdade, a palavra dramática é quase um sinônimo da Libertadores. Há vários motivos por isso. O primeiro, já apontado, é o fato das variações de altitude e temperatura que todos os times enfrentam a cada partida. Mas há outros, como a pressão da torcida fora e dentre de campo de quem joga como visitante, em estádios nem sempre em condições adequadas para receber confrontos mais acirrados.

Há ainda a diferença marcante de escolas de futebol entre brasileiros, platinos (Argentina, Uruguai e Paraguai) e andinos (Chile, Peru, Bolívia, Equador) – estes últimos menos talentosos, mas muito aguerridos. Ressalta-se que esse ano não participam os mexicanos, como ocorreu em 2017.

Dentro desse contexto é que os times brasileiros partem para sua jornada sem saber ao certo o que vai dar. É imprevisível dizer quem irá às oitavas. Até por que acompanhamos muito pouco o futebol de nossos países vizinhos. O que se sabe são resultados recentes a partir da avaliação de tabela classificatória das equipes sul-americana nas competições em seus territórios.

Não aponto um grupo fácil nesse momento. Grêmio, Flamengo, Cruzeiro, Vasco, Santos, Corinthians e Palmeiras têm o exercício hoje de avaliar seus adversários com iniciativa própria, para ir em busca dos resultados de seu interesse, nessas duas primeiras rodadas da fase de grupos.

Talvez na terceira rodada possa se ter mais clareza para onde se caminha o torneio, com a análise dos confrontos iniciais. Ainda sim existem as imponderáveis questões já colocadas no início desse texto (altitude, temperatura, condições fora e dentro de campo do visitante e enfrentamento de diferentes escolas de futebol).

Somam-se a isso aqui no Brasil como cada clube viverá seu momento nos campeonatos estaduais que acontecem em paralelo. Sabe-se que apesar de muitos pedirem o fim das competições regionais, há uma dose de pressão grande para que o time tenha bom desempenho no que se refere à sua atuação nos torneios locais.

Cito o Flamengo como exemplo disso. Ganhou o primeiro turno do Campeonato Carioca, bateu o Madureira na primeira partida do segundo turno e só foi levar no jogo seguinte uma goleada de 4 a 0 do Fluminense para as tensões subirem na Gávea – ainda que tenha atuado com time reserva.

O Grêmio deixou a degola do Campeonato Gaúcho depois de um início desastroso. Vão à segunda fase do Gauchão as oito equipes melhores classificadas na primeira fase de pontos corridos. Há 12 times na competição. Se os gremistas não forem atrás dessa vaga aparentemente fácil lá trás, mas que agora se tornou complexa, não se sabe a turbulência que tomará o clube internamente – com a Libertadores em andamento.

Pois são com essas variáveis todas que a fase de grupos da Copa Libertadores tem início. Portanto, por ora, quem estiver apontando depois da rodada dessa semana algum indicativo do futuro da competição, pode estar cometendo um grande erro. Libertadores é a competição mais difícil de prognosticar que já vi.