O Flu já teve carrasco e imperador

Na véspera da reprise do título do tetracampeonato mundial da seleção brasileira, no EUA, em 1994, apresentado domingo (26), pela Rede Globo, resolvi, através do YouTube, me deleitar numa entrevista especial do saudoso jornalista Victorino Chermont, com o ex-meia Delei, um dos craques do meu Fluminense na década de 1980.

O assunto era a decisão do Campeonato Carioca de 1983, quando o Tricolor das Laranjeiras, no apagar das luzes, aos 45 minutos da etapa final, através do carrasco do rubro-negro, Assis, marcou o gol da vitória no Fla-Flu histórico daquele ano, isso após milimétrica assistência do craque Delei.

Foi uma decisão daquelas de tirar o fôlego das duas torcidas. O Flamengo, já sem o seu principal craque, o meia Zico, esse negociado para o Udinese-ITA, mas cheio de bons jogadores como Júnior, Tita, Mozer, Andrade, Adílio e outros, pisou no gramado do Maracanã como favorito diante de um Fluminense mais maduro e fortalecido pela presença do “Casal 20”, dupla endiabrada formada por Washington & Assis.

E falando de Washington e Assis, dupla tricolor que hoje mora no céu, me veio na memória que a contratação do meia-atacante Assis, então com 31 anos de idade, só foi possível graças a dois fatores. O primeiro deles a lealdade do atacante Washington, que somente deixaria o Furacão com ida parceiro de clube no negócio. O segundo diz respeito à imposição da diretoria do Athletico-PR, clube que só negociaria a dupla num pacote. Sem muitas alternativas no mercado, o presidente Sylvio Kelly dos Santos fechou negocio com o clube paranaense e apresentou a dupla com festa nas Laranjeiras.

Retornando ao Fla-Flu daquele ano, muitos da nova geração desconhecem outro fato interessante daquele campeonato. O técnico Claudio Garcia, então no comando do Fluminense, virou a casaca e foi anunciado na Gávea no meio da competição. No restante do estadual o Tricolor das Laranjeiras foi comandado por Carboni, esse armando um time compacto defensivamente e mortal nos contragolpes.

Naquela noite de 11 de dezembro de 1983, com público de 83 mil pagantes, o Fluminense impôs o bi vice-campeonato carioca ao rubro-negro entrando em campo com: Paulo Vítor; Aldo, Duílio, Ricardo e Branco; Jandir, Delei e Assis; Leomir (Ronaldo, aos 22 do 2.º), Washington e Paulinho. Já o Flamengo formou com: Raul; Leandro, Figueiredo, Mozer e Júnior; Andrade. Cléo (Lico, aos 16 do 2.°) e Tita; Lúcio, Edmar (Cláudio Adão, aos 26 do 2.º) e Adílio.

O certo é que o título carioca de 1983 foi o início de um marco histórico no clube das Laranjeiras, tanto que a agremiação colecionou um tricampeonato carioca de 1983/84/85 e ainda o Brasileirão de 1984. Eu, ainda criança, não cansava de enaltecer o carrasco do rubro-negro (Assis, autor de dois gols decisivos dos títulos de 83/84 contra o Flamengo) e o nosso Imperador, o paraguaio Dom Romero.