Não tem jeito: no futebol, ou em qualquer outra disputa esportiva, uns ganham e outros perdem. O sucesso de um determinado grupo está visceralmente ligado ao fracasso de outro. E os respectivos torcedores, distintamente, ou vibram em altos brados ou sofrem em desalentados berros.
Nesse fim de semana que recém passou, eu me peguei contando minutos infindos a esperar por um golzinho do paraense Clube do Remo, contra o sergipano Confiança. Um golzinho que não veio e que determinou a queda do Leão Azul para a Série C do campeonato brasileiro de 2022.
Eu tinha dois bons motivos para torcer pela vitória do Remo. Primeiro porque isso determinaria a permanência de um clube da região Norte do país na Série B. E segundo porque é lá no time paraense que joga hoje o atacante acreano Neto Pessoa, um cara humilde que merece tudo de bom no esporte.
Por uma coisa ou por outra, sabe-se lá o que pode ter acontecido, o Neto passou em branco e nenhum outro jogador remista conseguiu balançar as redes dos sergipanos, que inclusive já estavam rebaixados. Dessa forma, pode-se dizer que os dois clubes afundaram abraçados na Baía do Guajará.
Naturalmente, um time não é rebaixado apenas pelo mau desempenho numa única partida. O rebaixamento decorre de uma campanha deficiente. Às vezes, os dirigentes cometem uma série de erros durante a temporada. E às vezes, simplesmente faltam recursos para a montagem de um bom elenco.
O empate até poderia servir para o Remo permanecer na Série B. Mas, para isso, o paranaense Londrina não deveria vencer o Vasco da Gama. Pois o Londrina, que fez uma campanha sofrível durante todo o ano, resolveu jogar justamente no último instante e goleou o Almirante de São Januário.
A propósito desse jogo entre Londrina e Vasco, eu tive a impressão, vendo os lances dos gols, que os jogadores do time carioca não estavam muito interessados em expor as respectivas canelas. O time não aspirava mais nada (nem descia, nem subia). Perder ou ganhar era tudo a mesma coisa.
Por outro lado, já que eu estou falando do futebol do Norte do país, pelo menos duas criaturas oriundas dessa região subiram às nuvens da glória nesse final de semana: o goleiro acreano Weverton e o atacante paraense Roni, bicampeões da Libertadores da América com a camisa do Palmeiras.
E aí, como tem se tornado praxe durante suas comemorações, ambos trataram de adornar os corpos com as respectivas bandeiras dos seus estados. Isso passa para mim a impressão de que nem tudo está perdido. Se os times do Norte não sobem de divisão, pelo menos existe algum brilho individual!