Lampe. Chama-se Lampe o rei do morro boliviano. Goleiro de profissão, essa criatura parou o ataque da seleção brasileira quinta-feira passada, na penúltima rodada das eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia. O sujeito fez pelo menos seis defesas daquelas ditas impossíveis.
Pra falar a verdade, eu nem sabia da existência desse goleiro antes do jogo contra o Brasil. É que o futebol boliviano, a rigor, não interessa a ninguém. A bola desse país andino, toda a vida mais murcha do que um maracujá velho, só ganha o noticiário em época de eliminatórias de copa.
Mas o tal Lampe resolveu roubar a cena. Esse “roubar” aí no bom sentido, leitor. Nada a ver com os ladrões de verdade que, via de regra, costumam atender os brasileiros nas biroscas que eles, os bolivianos, chamam de shoppings lá na terra deles. Nada a ver com isso, por favor, viu?
Lampe pegou tudo. Pegou até sem querer, como nas duas vezes em que levou boladas na cara. Sem muita coisa a fazer nessas duas ocasiões as quais eu me refiro, o carinha simplesmente saiu para abafar o lance. E aí a bola bateu nele. Meio na “cagada”, mas o que conta é que a bola não entrou.
O mais interessante é que em nenhum momento antes do jogo algum brasileiro chegou a se preocupar com a possibilidade do goleiro boliviano atrapalhar o ataque da nossa seleção. Com Neymar e Gabriel Jesus transpirando talento, ninguém se importa com o goleiro do time adversário.
Aliás, os bolivianos são tão ruins de bola (salvo as exceções de praxe) que a única preocupação de quem sobe o morro para enfrentá-los é justamente a altitude da capital lá deles. La Paz está a mais de 3.600 metros acima do nível do mar. E um esforço físico nessa altura é mesmo de lascar.
Eu já fiz essa experiência e não quero repeti-la. Apesar da beleza de La Paz, situada numa espécie de cratera, cercada pela Cordilheira dos Andes, no meu entendimento, que moro hoje numa cidade litorânea, é um lugar para se visitar apenas uma vez na vida. Uma única vez e nunca mais!
E veja-se que eu nem fui jogar futebol ou qualquer coisa que o valha. Fui só bater pernas. Ainda assim, pensei que ia sair de lá sem pulmões… Qualquer ladeirinha eu tinha que subir depois de três ou quatro tentativas. E se no jantar comesse demais, aí podia contar que passaria uma noite insone.
De qualquer forma, pelo menos dessa vez o que parou a seleção brasileira de futebol não foi a altitude. Eu diria que o novo “mal dos Andes” para os nossos craques responde pelo nome de Lampe. Há quem diga que ele passou o dia anterior ao jogo no Mercado das Bruxas. Hum… Pode ser!