O Super Zé Maria

José Maria Rodrigues Alves nasceu em 18 de maio de 1949 na cidade paulista de Botucatu.

Começou no futebol atuando como atacante na equipe amadora, de sua cidade natal, o Atlético Clube Lageado, time de uma fazenda de café, ainda nos meados da década de 1960.

Ainda com pouco mais de 15 anos, passou a atuar na equipe amadora mais popular de sua Botucatu, a Associação Atlética Ferroviária. Chamou a atenção da comissão técnica da equipe tricolor, por conta de seu grande vigor físico. Por conta disso, acabou deslocado para a lateral direita, onde teria a possibilidade de avançar em direção ao ataque, algo quase que inédito no futebol daqueles tempos.

Em 1966 foi um dos destaques da Ferroviária de Botucatu que chegou até a fase final do campeonato paulista da Divisão Intermediária, algo similar a Série B, o que fez com que chamasse atenção de olheiros da Portuguesa de Desportos, que o contratou no ano seguinte.

Chegou à equipe de Canindé para ser reserva de Augusto, no entanto, já na estreia do campeonato paulista daquele ano, em 4 de julho, na vitória por 2 a 1 frente a Prudentina, era o titular da boa equipe Lusa que contava com jogadores do nível de Felix, Lorico, Basilio e Leivinha.

Após um campeonato promissor em 1967, foi contratado pelo Vasco da Gama no começo de 1968, onde acabou ficando apenas por 3 meses. Este retorno, inesperado, a Portuguesa acabou servindo de motivação para Zé Maria. Não demorou muito e ele foi convocado para atuar na seleção brasileira que venceu a seleção polonesa, por 6 a 3, em partida amistosa realizada na cidade de Varsóvia, em 20 de junho em 1968.

Foi ali que começou o seu namoro com a camisa canarinho o que acabou rendendo sua convocação, como reserva de Carlos Alberto Torres, para a seleção brasileira que acabaria por conquistar o tricampeonato mundial na Copa do Mundo de 1970,

Já campeão mundial viria a ser contratado pelo Corinthians, um namoro antigo que começara ainda no ano anterior, após a morte em acidente automobilístico do lateral direito alvinegro Lidu, juntamente com o ponta esquerda Eduardo, em 28 de abril de 1969. A contratação junto a Lusa foi uma das mais difíceis, sendo necessário até mesmo a influencia do seu pai, Durvalino, a quem prometeu conquistar um título para dar fim a fila de 22 anos sem conquistas da equipe do Parque São Jorge.

Sua estreia no Corinthians aconteceu em 11 de novembro de 1970, na derrota por 1 a 0 frente o Grêmio no estádio Olímpico, e marcou o inicio de um casamento que durou quase 14 anos, 599 jogos, 4 títulos paulistas (1977, 1979, 1982 e 1983) e 17 gols. No seu ultimo ano de Timão, em 1983, após a demissão do técnico Mario Travaglini no meio do campeonato brasileiro, Zé Maria foi escolhido pelos jogadores para assumir o cargo de técnico até o final da competição, o que o fez ao longo de 10 partidas.

Seu apelido Super Zé se devia ao seu folego quase interminável e principalmente por não fugir de divididas. Nas partidas finais do campeonato paulista de 1977, caberia a ele marcar o seu irmão Tuta, ponta esquerda da Ponte Preta e que vinha sendo um dos destaques da equipe campineira. Ainda no vestiário, membros da comissão técnica, José Teixeira e Oswaldo Brandão se mostravam meio temerosos, com relação ao vigor que ele daria nas divididas com o irmão mais novo. Meio de lado, ao ouvir a conversa, Zé Maria direcionou aos dois e disse: Do meu irmão, cuido eu. Na primeira jogada entre os dois, Tuta foi parar no meio da pista que cercava o campo do estádio do Morumbi. Acabara ali o confronto entre os irmãos, uma vez que o ponta esquerda da Ponte sumiu nas partidas finais. Em 13 de outubro, na partida decisiva, caberia a Zé Maria bater a falta que deu início a jogada do gol libertador de Basilio, na vitória por 1 a 0. A promessa feita ao pai estava cumprida.

Mais um fato marcante propiciado pelo Super Zé aconteceu na primeira partida da final do campeonato paulista de 1979, novamente contra a Ponte Preta, em 3 de fevereiro de 1980. Após sofrer um corte do supercilio, com a camisa toda ensanguentada resolveu continuar na partida, levando a fiel ao delírio. Esta identidade com a torcida do Corinthians acabou contribuindo para sua eleição a vereador na cidade de São Paulo em 1982. Em 1984, encerrou sua carreira após atuar algumas partidas pela Internacional de Limeira.

Pela Seleção Brasileira, além da Copa de 1970, disputou a Copa de 1974, na Alemanha, quando se tomou a posição de titular de Nelinho, após as três primeiras partidas daquela competição. Chegou a ser convocado para Copa do Mundo de 1978, na Argentina, mas contusões acabaram o afastando do seu terceiro mundial. Vestiu a camisa amarela em 66 oportunidades.

Zé Maria foi um dos maiores símbolos de raça de uma das mais apaixonadas torcidas do Brasil, a do Corinthians, um jogador que defendeu as cores das equipes por onde passou como se estivesse defendendo a própria vida.