Dois jogadores que fizeram parte do elenco do Atlético Acreano na Série C, segundo leio por aí, foram em busca de novos desafios após o clube se despedir da competição. Rafael Barros e Eduardo, ambos atacantes, migraram, respectivamente, para o Vila Nova (GO) e o Red Bull (SP).
Acrescentando-se a essa dupla o nome do também atacante Polaco, que deixou o Atlético no comecinho da disputa e foi jogar no mineiro Tombense, somam-se três os atletas oriundos do futebol recente do Acre que trilham a imensidão do Brasil em busca de espaço para mostrar a sua arte.
Na boca da galera, por conta dessas migrações, o que mais a gente escuta é a tese de que o Galo vai sendo desmontado aos pouquinhos. Devagarzinho, como naquele samba do Martinho da Vila, um aqui outro ali, o elenco vai sendo desfalcado daquele conjunto que surpreendeu o país.
Do meu ponto de vista, esse desmonte de equipes brasileiras depois de boas campanhas é mais do que natural. E isso em todos os níveis, seja de um clube grande, desses que enchem os estádios das maiores capitais da nação, até as pequenas agremiações que ainda procuram o seu lugar ao sol.
A migração de atletas é proporcional ao aporte financeiro dos mercados. É o sistema capitalista que determina onde a mão de obra vai exercer o seu ofício e a sua expertise. Assim, falando de outro modo, onde existir mais dinheiro, aí estará o artista ou o operário melhor qualificado.
O Corinthians, campeão brasileiro do ano passado, é um exemplo dessas transferências de jogadores para mercados mais ricos. Até o técnico foi levado para o “estrangeiro”. E do elenco titular de 2017, praticamente não restou ninguém. O time foi desmontado e agora sofre as consequências.
Tudo isso em conformidade com a atual tecnologia das comunicações que mostra em tempo real para o mundo onde tem um garoto recém saído das fraldas jogando uma bola redondinha. Aí, quando os gringos vislumbram uma promessa de craque, oferecem um saco de dinheiro e “tchau, bacurau”.
Vender mão de obra qualificada, aliás, tornou-se talvez uma das maiores fontes de recursos para os clubes do terceiro mundo (do Brasil e outros quintais) nos tempos que correm. O clube formador do garoto ganha quando o repassa e sempre que acontecerem transferências no futuro.
Mas voltando a falar do Atlético Acreano, para fechar o raciocínio dessas mal traçadas de hoje, a minha surpresa não é dos três jogadores que saíram. O que me surpreende mesmo é que só foram três. O elenco do Galo era de ótimo nível e muito mais gente poderia ter saído. Poderia sim senhor!