Rebaixado em 2013, depois de uma campanha abaixo de qualquer expectativa, o Náuas começou o ano fora da primeira divisão do campeonato acreano de futebol. O presidente/treinador Zacarias Lopes trabalhava com a perspectiva de disputar a segunda divisão. Eis que, com a desistência do Juventus, o time cruzeirense foi alçado outra vez à elite.
O súbito retorno, porém, pegou o Náuas sem qualquer planejamento ou recursos financeiros para a disputa da competição. O jeito foi improvisar, utilizando apenas atletas da cidade de Cruzeiro do Sul e adjacências. Para completar, com a Arena do Juruá interditada para jogos oficiais, o time teve que mandar todo o primeiro turno em Rio Branco.
A despeito de todas as dificuldades, entretanto, o Náuas acabou fazendo uma campanha bem melhor do que no ano anterior, ganhando três e empatando outras 3 das 13 partidas disputadas (ainda vai jogar com o Plácido de Castro – dia 29 de maio). Com os 12 pontos ganhos, a equipe ficou longe do G4, mas também não correu o risco de rebaixamento.
Mas o mais curioso da história do representante do Vale do Juruá é que nenhum dos seus atletas vive exclusivamente de futebol. Pode-se mesmo dizer que é um verdadeiro elenco de proletários (pessoas que vivem exclusivamente da sua força de trabalho). Confira na lista abaixo as ocupações dos principais jogadores do Náuas na campanha de 2014.
- Matheus (goleiro) – Estudante.
- Ederson (goleiro) – Estudante.
- Maninho (lateral-direito) – Estudante.
- Cássio (zagueiro) – Carregador de carga em supermercado.
- Castro (zagueiro) – Segurança privado.
- Thaumaturgo (lateral-esquerdo) – Estudante.
- Pelim (volante) – Feirante.
- Fabinho (volante) – Estivador.
- Adriano (meia) – Pintor de parede.
- Som (meia) – Agricultor.
- Doutor (atacante) – Serrador de madeira.
- Vianez (atacante) – Carregador de carga em supermercado.
Acrescente-se que o atacante Doutor e o meia Som moram fora de Cruzeiro do Sul. O primeiro, na Colônia Pentecostes, a 45 km de distância; o segundo, na Comunidade Olivença (município de Guajará, no Amazonas), distante uma hora de barco, navegando pelo rio Juruá.
Francisco Dandão