Ex-volante Oton em foto atual. Foto/Acervo Oton Sales.

Oton – Volante subiu para o time profissional do Rio Branco aos 17 anos

Francisco Dandão

Ainda menino, Oton Rodrigues Sales migrou com a família de Sena Madureira, onde nasceu no dia 21 de agosto de 1967, para Rio Branco. Na capital acreana, ele foi morar no bairro da Habitasa, ao lado de uma quadra de esportes. Foi como se o destino o estivesse conduzindo para o mundo do futebol. Todos os dias ele tratava de bater a sua peladinha no local.

Fascinado pelo esporte das multidões, por essa mesma época, aí por volta de 1979, ele começou a frequentar o estádio José de Melo, na condição de acompanhante do jogador Richard, que era seu vizinho de rua e vestia a camisa do Estrelão. Oton carregava as chuteiras do Richard, que um pouco depois se mudaria para times do sudeste (São Paulo) e sul (Londrina) do país.

Logo, porém, Oton deixaria essa condição de “auxiliar de jogador” para a de integrante do elenco do Rio Branco. Isso ocorreu em 1981, quando o seu irmão Nelson, que era goleiro do clube, o levou para fazer um teste no time de infantis. Ambidestro, com grande controle de bola e muita precisão nos chutes, ele rapidamente se tornou titular na meia esquerda do time mirim.

Seleção Acreana Infantil – 1981. Em pé, da esquerda para a direita: Jailson, Carlinhos, Sebo, Milton, Geodarne, Mário Sérgio, Lourival e Nonato. Agachados: Márcio, Toinho, Carlinhos, Ulisses, Oton e Dal. Foto/Acervo Mário Sérgio.
Seleção Acreana de Juniores – 1985. Em pé, da esquerda para a direita: Kleber, Cid, Sérgio Ricardo, Luciano, Fernando e Oton. Agachados: Papelim, Gil, Ney, Siqueira e Marquinhos. Foto/Acervo Oton Sales.

 

Acompanhado de outros meninos bons de bola (casos, por exemplo, de Ulisses Torres, Dodi e Bolinha), Oton ficou dois anos nos infantis, sob o comando do professor Illimani Suares. Quando chegou o ano de 1983, o técnico Mário Vieira tratou de requisitá-lo para os juniores, onde ele permaneceu até 1986, mas aí já alternando exibições no time principal.

Melhor homem em campo já na estreia

Rio Branco – 1985. Em pé, da esquerda para a direita: Chicão, Ilzomar, Tonho, Marquinho Amor, Oton e Zenon. Agachados: Robertinho, Paulo Henrique, Jorge Luiz, Manoelzinho e Roberto Ferraz. Foto/Acervo Manoelzinho.

 

Pouco antes de completar 18 anos, no primeiro semestre de 1985, Oton viveu uma espécie de prova de fogo. É que o técnico cearense Coca-Cola, que acompanhava o desempenho dele no dia a dia dos juniores, resolveu convoca-lo para jogar no time principal, na vaga do volante Mário Sales, cujo contrato havia encerrado e discutia as bases de uma eventual renovação.

Oton não tremeu. Mesmo fora da sua posição de origem, ele jogou tão bem que foi considerado pela imprensa como o melhor homem em campo. E ressalte-se que o jogo era um clássico: justamente contra o Juventus, um dos maiores rivais do Estrelão. Oton entrou e permaneceu absoluto na cabeça de área do Rio Branco até 1987, quando resolveu mudar de ares e de clube.

Rio Branco – 1986. Em pé, da esquerda para a direita: Paulo Maravalha (diretor), Paulo Roberto, Ilzomar, Roberto, Valmir, Marquinho Amor e Chicão. Agachados: Gil, Jorge Luiz, Oton, Paulo Henrique e Venícius. Foto/Acervo Jorge Luiz.
Rio Branco – Campeão Acreano de Juniores de 1986. Em pé, da esquerda para a direita: Jair, Carlos, Sérgio, Kleber, Francisley e Maurício Generoso. Agachados: Gil, Oton, Manoel, Papelim, Célio e Rol. Foto/Acervo Flaviano Quintela.

 

Criado dentro do Rio Branco, Oton só mudou de clube porque recebeu uma proposta irrecusável do Independência, formulada pelo dublê de diretor e jogador Emilson Brasil. De acordo com Oton, o Tricolor lhe propôs, a título de “luvas”, um tanto enorme de material de construção. “Era tanta coisa que deu pra mim reformar uma casa e ainda vender um monte”, contou ele.

O volante Oton Sales fez parte da conquista do último título do futebol amador vestindo a camisa do Independência em 1988. Foto/Acervo Pessoal Manoel Façanha
No final da década de 1980, o volante Oton Sales vestiu a camisa do Juventus. Foto/Acervo Manoel Façanha.

 

O casamento com o Tricolor, porém, não durou muito. Oton disse que estava desmotivado para a prática do futebol. Até parou durante um ano. Mas ainda teve tempo de voltar e emprestar por algum tempo o seu futebol de craque para o Juventus, o Atlético e o próprio Rio Branco, onde pendurou as chuteiras na primeira metade da década de 1990. Estava com 26 anos.

Atlético Acreano – 1993. Em pé, da esquerda para a direita: Sérgio Ricardo, Dodi, Oton, Francisley, Nego e Arimatéia. Agachados: Marcelinho, Jorge Cubu, Joãozinho, Hélio e César. Foto/Acervo Francisco Dandão.

 

Jogos marcantes e os nomes da sua seleção

Oton elegeu os dois jogos que marcaram a sua carreira. Um pelo Rio Branco contra o Juventus. E outro pela seleção acreana de juniores contra o Rio de Janeiro. No duelo contra o Juventus ele jogou com o tornozelo direito machucado. Por conta disso, passou o tempo todo se desviando das divididas. E contra a seleção do Rio, foi dele o gol dos acreanos na derrota por 2 a 1.

Craques do passado em momento festivo. Da esquerda para a direita: Marcelo Aquino, Paulão, Mariceudo, Oton, Antônio Júlio, Roberto Ferraz, Ivo e Venícius. Foto/Acervo Francisco Dandão.

 

No que diz respeito aos melhores do futebol acreano, Oton citou José Macedo (Rio Branco), na condição de dirigente, e José Ribamar, na condição de árbitro. Já a sua seleção formaria com: Nelson; Marquinho Amarelo, Edson Izidório, Paulão e Sabino; Oton, Paulo Henrique e Carlinhos Bonamigo; Roberto Ferraz, Mariceudo e Jorge Jacaré. “Timaço”, disse ele.

Juventus – 2013. Em pé, da esquerda para a direita: Oton Sales (técnico), João Alberto (preparador físico), Eduardo, Neto, Hulan, Elenilson e Cléverson. Agachados: Moisés, Ciel, Luisinho, William, Maurinho e Ailton. Foto/Francisco Dandão.

 

Uma vez penduradas as chuteiras, Oton ainda se aventurou como diretor de futebol e treinador. Primeiro no Atlético, entre 2009 e 2011, a convite do presidente Edson Izidório. Depois, entre 2012 e 2013, no Juventus, a convite do presidente Davi Abugoche. “Foram boas experiências, que talvez eu volte a repeti-las um dia”, explicou Oton.

“Pra falar a verdade”, continuou o ex-volante, “eu só não estou envolvido atualmente com o futebol porque estou trabalhando dois expedientes, na Secretaria da Fazenda Estadual. Mas, quando aposentar, quem sabe?”. Enquanto esse momento não chega, ele disse que vai tentar uma vaga na Câmara de Vereadores de Rio Branco, nas próximas eleições.

           Fac – símile do Jornal Opinião de 20 de junho de 2020.