Tirando as intermináveis matérias da Globo sobre Ayrton Senna, seja de sua morte, de seu nascimento, de suas vitórias e conquistas – acontecimentos realizados há décadas -, existe pouco que chame a atenção à Fórmula 1 nos dias atuais. E, cá entre nós, as matérias da emissora sobre o excelente piloto brasileiro já encheram o saco tamanha a repetição das pautas.
Com o coronavírus é capaz do país perder de vez a frágil conexão que um público selecionado mantinha com a categoria. Fico pensando aqui como ainda existem patrocinadores que colocam muito dinheiro na Fórmula 1 no Brasil.
Está certo que o mercado consumidor da indústria automobilística é muito grande e forte no Brasil e isso é um fator que favorece competições automobilísticas em nosso solo. Mas ele (mercado) continuará apostando alto, mesmo com a situação financeira bastante apertada e complicada?
O país não consegue emplacar um piloto na Fórmula 1 há três anos. Antes disso, foi muito mal a presença dos brasileiros nas pistas na categoria, virando até piada.
Além disso, vê-se claramente que o modelo que caminha a Fórmula 1 é cada vez menos humano e mais tecnológico. O lado menos “gente” empobrece as transmissões. As pessoas se interessam por pessoas, ainda que procurem plataformas avançadas para se conectar a elas.
Depois do coronavírus, fico aqui pensando se há luz de se retomar as transmissões pela Globo de corridas aos domingos. Como continuar a chamar a atenção para as pistas se não tem muito o que torcer depois de tanto tempo parada a competição?
Se o telespectador não mudou pós-pandemia, o que para mim será difícil, pode ser que consiga colocá-lo de volta à frente da televisão por mais algum período. Pelo menos uma parcela que ainda assistia as corridas de Fórmula 1.
Mas se o telespectador mudou? Como aturará um bólido atrás do outro, sem um vínculo de quem está no comando? E os que as pessoas vão a partir de agora se interessar? Quem vai querer bancar patrocinar a Fórmula 1 depois uma crise profunda e sem precedentes como essa que agora ocorre no Brasil?
No fundo, a pandemia pode ser o empurrão que faltava para afastar de vez a competição mais importante de carros do mundo daqui do território nacional. Eu não sentirei falta!