Francisco Dandão
O destino do menino Antônio Marcos Fernandes da Silva, nascido em Rio Branco, no dia 9 de fevereiro de 1974, estava escrito nas estrelas: ele seria jogador de futebol profissional. E assim, logo depois de completar 12 anos ele já estava integrado à escolinha do professor Jangito, técnico recentemente falecido e que foi responsável pela revelação de vários craques.
Cinco anos depois dessa primeira experiência, em 1991, Antônio Marcos foi levado para a base do Rio Branco, pelas mãos do desportista Raimundo Ferreira, entusiasta do futebol suburbano que chegou a dirigir vários clubes da primeira divisão do Acre. E aí, por obra do massagista Tita, ele ganhou o apelido que o acompanharia para sempre: Marquinhos Paquito.
“Os Paquitos eram os ajudantes de palco do programa Xou da Xuxa, que gravavam discos e faziam muito sucesso naquele início da década de 1990. O Tita, de gozação, disse que eu parecia com os meninos daquele grupo, o que, de verdade, não tinha nada a ver. Eu era novato e não podia nem me rebelar. No final, o apelido grudou”, explicou Marquinhos Paquito.
Daí pra frente, durante seis temporadas, os frequentadores do estádio José de Melo se acostumaram a ver aquele jogador magrinho correr pela lateral-direita do Rio Branco, alternando exibições no time de juniores e na equipe principal. “Eu conquistei seis títulos jogando pelo Estrelão, sendo quatro nos juniores e dois no time de cima”, garantiu Marquinhos Paquito.
Carreira longa em defesa de vários clubes
Além do Rio Branco, Marquinhos Paquito defendeu outros cinco clubes no futebol do Acre, até o dia em que resolveu pendurar as chuteiras, já se considerando um veterano, em 2011, pouco depois de completar 37 anos. Sempre com o mesmo brilho e vigor dos primeiros tempos, o lateral direito jogou por Vasco da Gama, Independência, Atlético, Adesg e Andirá.
Lateral de vocação ofensiva, Marquinhos Paquito marcou quase 50 gols ao longo da sua carreira, a maioria vestindo a camisa do Rio Branco. A sua maior alegria no futebol, porém, de acordo com as próprias palavras, foi a estreia como profissional, num jogo contra o Independência, em substituição ao então titular Evandro Coala. “Ganhamos de 3 a 1”, disse ele.
“Eu tive a sorte de encontrar, quando cheguei ao Rio Branco, com o professor Paulo Roberto. Ele foi o técnico que me recebeu nos juniores e que me promoveu para o time de cima. Ele me ensinou muita coisa, tanto do ponto de vista tático quanto da evolução técnica. Por tudo isso, eu entendo que que ele foi o melhor treinador com o qual eu trabalhei”, contou Paquito.
Fora Paulo Roberto, o ex-craque Marquinhos Paquito fez questão de destacar outras duas figuras do futebol acreano como pessoas de excelência: o dirigente do Rio Branco José Macedo, “um dos primeiros com quem eu fiz contato e que sempre cumpria os acordos feitos com os jogadores”, e o árbitro Marcos Café, “por ser conhecedor das regras, sério e respeitável”.
Adversários chatos e melhores parceiros
De todos os adversários que ele marcou na sua longa carreira, Marquinhos Paquito destacou dois como os mais difíceis: Zico e Pitiú. “Esses dois caras tinham muita habilidade e me deram muitas dores de cabeça”, garantiu sorrindo. E quanto aos parceiros com os quais ele melhor se entendia e campo, o ex-lateral citou os nomes de Siqueira, Ciro e Calafate.
No que diz respeito a uma seleção do seu tempo, ele escalou o seguinte time: Klowsbey; Paquito, Carlos, Josué Kaki e Ananias; Marquinhos Calafate, Mamude, Ciro e Siqueira; Testinha e Palmiro. Mas outros sete jogadores poderiam entrar nessa lista, sem nenhum problema, no dizer de Paquito: Valtemir, Pitiú, Paulinho Pitbull, Serginho, Chicão, Bocão e Alan.
Trabalhando hoje no ramo da panificação, Paquito não esconde o desejo de um dia qualquer no futuro seguir a carreira de treinador de futebol, principalmente para ensinar jovens promissores. De acordo com ele, o Acre tem um potencial enorme de garotos que poderiam muito bem ser lapidados nas divisões de base, mas que acabam se perdendo ao longo do caminho.
Enquanto isso não acontece, Paquito vai relembrando as passagens da sua vitoriosa carreira. Uma dessas lembranças, a do título do Vasco, em 2001, ele gosta de repetir. “A gente precisava ganhar do Rio Branco no tempo normal e na prorrogação. Conseguimos, com o gol da vitória sendo feito pelo Evilásio, depois de um cruzamento meu”, finalizou o ex-lateral.