Na temporada 2019, o volante Paulinho o Pitbull vestiu a camisa do Tricolor. Foto/Manoel Façanha

Paulinho Pitbull – Volante vestiu onze camisas em 25 anos correndo atrás da bola

Francisco Dandão

Do início na lateral direita do time infantil do Rio Branco, em 1995, aos 12 anos (ele nasceu no dia 6 de dezembro de 1982, na capital do Acre), até o último campeonato profissional, jogando de volante, no Independência, quase aos 37 anos, em 2019, foram 25 as temporadas que o cidadão Paulo Roberto de Oliveira Lima Júnior, o Paulinho Pitbull, correu atrás da bola.

O apelido de Pitbull, ele ganhou por duas razões. Primeiro, por criar cães dessa raça quando adolescente. E segundo por conta da sua garra na marcação dos adversários, inclusive quando jogava como atacante. “Eu passei de lateral para atacante. E joguei nessa posição até 2007, quando a professora Cláudia Malheiros me escalou como volante”, disse Paulinho.

Além do Rio Branco e do Independência, outros nove clubes contaram com o futebol de Paulinho Pitbull nesses anos todos. A saber: Andirá, Juventus, Plácido de Castro, Adesg, Ananindeua-PA, Castanhal-PA, Cametá-PA, Sergipe-SE e Mixto-MT. Onze camisas diferentes e mais de uma dúzia de títulos, somando-se competições de base e profissionais.

Para o garoto que começou batendo peladas em campos de areia (atrás do Estádio José de Melo) e barro (às margens do Igarapé da Maternidade), pode-se dizer que a bola lhe deu asas e o fez voar por vários destinos. “Quando eu era menino tinha muita gente boa de bola no bairro da Capoeira, onde eu cresci. Casos do Andrey, do Edilsinho, do Agleison…”, falou Pitbull.

Primeiro gol e situações desagradáveis

Na temporada 2001, no Andirá, o volante Paulinho Pitbull era comandado pelo pai Paulo Roberto. Foto/Francisco Chagas

Segundo relatou Paulinho Pitbull, ele marcou 48 gols em toda a carreira, sendo a maioria quando jogava como atacante. O primeiro desses gols ele disse que foi deveras inesquecível. Foi logo na sua estreia como profissional, defendendo as cores do Andirá, num campeonato brasileiro da série C, contra o Genus, de Rondônia. Vitória do time acreano por 2 a 1.

Quanto às decepções, Pitbull relatou duas situações. Ambas passadas com a camisa do Rio Branco. Uma delas em 2007 quando o Estrelão foi desclassificado da Série C ao empatar com o ABC-RN em plena Arena da Floresta. Se vencesse, o Rio Branco passava de fase, deixando para trás o Bahia. E a outra, em 2016, quando foi sacado do time pelo técnico Zezito.

“Essa situação de 2016 foi terrível. Eu era o capitão do time e vinha jogando bem. Aí veio um jogo pela Copa do Brasil e o técnico Zezito chegou pra mim e disse que ia me dar um descanso e que eu voltaria na próxima partida. Era papo furado e eu não voltei mais para o time. E ressalte-se que eu havia marcado o gol da nossa vitória no jogo anterior”, explicou Paulinho.

 

Juventus – 2003. Em pé, da esquerda para a direita: Fábio, Edilio, Gomes, Jorge e Dorielson Mendes (prep. de goleiros). Agachados: Emanuel, Moisés, Paulinho Pitbull, Sairo, Pelezinho, Marcos e Palmiro. Foto/Manoel Façanha.

 

Na temporada 2004, o volante Paulinho Pitbull seguiu defendendo as cores do Juventus. Foto/Sérgio Vale

 

O futebol nordestino, precisamente o Sergipe, também contou com o futebol de Paulinho Pitbull. Foto/Acervo Paulinho Pitbull

 

Na temporada 2010, Paulinho Pitbull mostrou as garras contra o Clube do Remo, pelo Paraense. Foto/Acervo Pessoal P.Pitbull

 

Paulinho Pitbull (terceiro em pé), nos seus tempos de Mixto-MT. Foto/Acervo Pessoal de Paulinho Pitbull

 

Rio Branco 2015. Em pé, da esquerda para a direita: Zezito (técnico), Jader de Andrade (prep. físico), Rilber, Tyrone, Victor Hugo, Paulinho Pitbull, Washington e Tidalzinho (prep. de goleiros). Agachados: Careca, Tonho Cabañas, Joel, Bruno, Thiago e Evandro Russo. Foto/Francisco Dandão

 

Na temporada 2015, Paulinho Pitbull ajudou o Andirá na conquista da segundinha. Foto/Manoel Façanha.

 

Independência – 2019. Em pé, da esquerda para a direita: Selcimar Maciel (prep. físico), Paulinho Pitbull, Thaumaturgo, Brenner, Carnaúba e Tiago. Agachados: Léo, Anderson, Ailton, Rodrigo, Bruno e Kal. Foto/Manoel Façanha

 

Ele disse, porém, que não guardou mágoa nenhuma desse incidente e que trabalhou com técnicos extremamente competentes ao longo da carreira. “O Paulo Roberto Oliveira, o João Carlos Cavallo, o Artur Oliveira, o Everton Goiano, o Samuel Cândido, o Vítor Jaime, o Quintino Barbosa… Esses caras sabiam demais e me ensinaram muita coisa”, garantiu Pitbull.

Destaques do futebol acreano

À indagação se ele seria capaz de escalar os onze jogadores que formariam a sua seleção acreana de todos os tempos, Pitbull não se fez de rogado e nem hesitou. Para ele, seria espetacular um time formado por Klowsbey; Paulo Roberto, Neórico, Paulão e Duda; Tadeu, Mario Vieira, Mariceudo, Testinha e Dadão; Artur Oliveira. “Esse seria um timaço”, falou.

No tocante ao melhor dirigente do futebol regional, Pitbull cravou o nome do ex-presidente do Rio Branco Sebastião Alencar. “Pessoa de excelente caráter e cumpridor dos seus compromissos”, disse. E quanto ao melhor árbitro, o ex-volante citou vários nomes. “José Ribamar, Marcos Café, Carlos Ronne e Antônio Neuricláudio. Todos excelentes”, afirmou.

O adversário mais difícil de marcar, na opinião do Pitbull foi o Testinha. E os melhores parceiros de meio-campo foram o Zé Marco e o Ismael. “O Testinha possuía uma habilidade incomum naquele pé esquerdo dele. Era muito inteligente. Não podia ter o mínimo espaço. Quanto ao Zé Marco e ao Ismael, a gente se entendia só no olhar”, falou o ex-volante.

E para finalizar, Paulinho Pitbull fez uma reflexão sobre o futebol acreano da atualidade. “Antigamente havia muitos craques e não havia bons palcos. Hoje isso se inverteu. Eu acho que atualmente, do ponto de vista técnico, o nosso futebol deu uma caída. Mas nada que não se possa reverter. Basta que se invista nas divisões de base. A base é o segredo de tudo”.