O futebol acreano começou o ano de forma pra lá de animadora. Dos seus três times envolvidos em disputas regionais ou nacionais, dois se deram bem. O Galvez eliminou o Nacional da Copa Verde e o Rio Branco deixou para trás o Figueirense na charmosa e importante Copa do Brasil.
A rigor mesmo só quem se deu mal nesse início de temporada foi o Atlético, atual campeão estadual. O Galo celeste só teve o prazer de disputar uma partida pela Copa do Brasil. Perdeu por dois a zero, em casa, para o América de Minas Gerais e teve de deixar a disputa precocemente.
Mas esse mesmo futebol acreano que ora dá alegrias aos seus fãs não andou muito bem das pernas no ano passado. Aliás, pra falar a verdade, dizer que não andou bem das pernas pode ser tido como eufemismo. Em determinados momentos parecia mesmo ter perdido por completo o rumo.
Com exceção do Galo, que iniciou 2017 perdendo, tanto o Rio Branco quanto o Galvez foram eliminados logo de início na mesma Copa Verde e idem na Copa do Brasil de 2016. E o Estrelão, na série D, só deu vexame. Nem lembrava um time. Parecia um bando desnorteado no campo.
Então, a pergunta que não quer calar é sobre o que poderia ter acontecido para essa mudança tão, digamos, radical. Que água foi essa que encheu o rio Acre bem antes do carnaval, quando as chuvas ainda nem eram tão intensas, transformando-se em vinho nas cercanias da gameleira?
Danei-me a refletir sobre essa questão imediatamente após acompanhar, via internet, a vitória do imperador Galvez sobre o amazonense Nacional, lá em Manacapuru, terra onde, ressalte-se, o peixe chamado surubim costuma chorar em serenata na cabeça dos derrotados.
Seria alguma conjunção de astros errantes, energizando a parte mais ocidental da Amazônia? Seria o efeito de alguma bebida nova, extraída de um cipó mágico, que apareceu por esses dias no lugar onde antes ficava a praia da base? Ou então seria, finalmente, o emergir da Era de Aquarius?
Nenhuma dessas hipóteses me pareceu plausível. E quando eu já me preparava para deixar pra lá a busca de uma explicação, o telefone tocou com insistência. Chegou-me a voz clara, alegre e para sempre forte do maestro acreano, há muitos anos radicado em Manaus, Zacarias Fernandes.
Depois dos cumprimentos de praxe, ele me disse o seguinte: “Mestre, eu sou pé quente. Eu estava na Arena no dia em que o Rio Branco bateu no Figueirense. E depois fui ver o Galvez em Manacapuru”. Desfez-se o mistério. O Zacarias não pode mais perder jogo nenhum dos times do Acre!