Por esses dias eu estava meditando o quanto o destino pode ser irônico (debochado, traiçoeiro etc.) com as coisas do futebol. É que, diferentemente de outros esportes, como o basquete, por exemplo, nem sempre o melhor time vence. Daí, inclusive, é que surgiu o famoso instituto da “zebra”.
Aí, nessas de meditação, eu lembrei, a propósito do assunto, de histórias do acreano Juventus, time que nasceu grande, em 1966, por iniciativa de um padre (Antônio Anelli) e de alguns professores (Walter Félix, Elias Mansour Filho, Clóter “Touca” Olímpio Boaventura e outros).
O Juventus nasceu tão grande que já levou o título estadual no mesmo ano em que foi fundado. E depois, pelos próximos 22 anos, até 1988, quando acabou o regime amador no futebol acreano, o Clube da Águia levantou a taça mais oito vezes (1969, 1975, 1976, 1978, 1980, 1981, 1982 e 1984).
A despeito de todo esse sucesso, porém, em várias oportunidades o Juventus, na condição de franco favorito, decepcionou a sua imensa legião de admiradores. Enquanto escrevo, eu lembro de pelo menos duas decisões perdidas pelo Juventus contra todas as previsões e demais probabilidades.
Na primeira dessas decisões, em 1968, o título deveria ser decidido numa série “melhor-de-três”. O adversário do Juventus era o Atlético Acreano. Os times deveriam se confrontar três vezes. Quem vencesse duas, levava. O Atlético tinha um elenco modesto. No Juventus só tinha craque.
Pra confirmar o favoritismo, o Juventus ainda meteu 6 a 0 no Atlético, no primeiro jogo da decisão. Goleada com baile e tudo o mais. Ninguém, em são consciência, àquela altura dos fatos, imaginava que ainda restava alguma coisa para o Galo. Mas restava. O Atlético venceu os dois jogos seguintes.
A outra decisão em que o Juventus passou de favorito a perdedor foi a do Copão da Amazônia (torneio que reunia equipes de Roraima, Rondônia, Amapá e Acre) de 1976. Dessa vez contra o Rio Branco. O Juventus era favorito e ainda abriu o placar. O Estrelão virou com Mário Vieira e Ely.
O que credenciava o Juventus como favorito nessa decisão do Copão, além do elenco cheio de grandes jogadores, era as goleadas que o tinha vinha aplicando nos adversários. Comenta-se que o Clube da Águia era tão favorito que até o chope para a comemoração foi encomendado antecipadamente.
O futebol prega peças. Por conta desse imponderável é que esse esporte proporciona tanta emoção. O time menos qualificado sempre pode vencer o adversário mais poderoso. Citei o falecido Juventus para ilustrar os meus argumentos, mas os anais do esporte estão cheios de outros.