Pedrinho em foto atual. Foto/Acervo Pedro Peixoto.

Pedrinho – um ala/fixo supercampeão das quadras acreanas

Francisco Dandão

Ora atuando como ala, ora como fixo, o cidadão Pedro Francisco de Assis, o Pedrinho, que nasceu em Rio Branco, no dia 5 de julho de 1963, foi um atleta supercampeão das quadras acreanas. Em 18 anos (de 1983 a 2000) de convívio com a “bola pesada” (futebol de salão e futsal), ele somou pelo menos 14 títulos, com as camisas dos mais diversos times e seleções.

Destro (mas não completamente “cego” com a perna esquerda), Pedrinho começou a demonstrar sua habilidade na quadra do Complexo Escolar de Ensino Médio (Ceseme), em 1978. Pouco tempo depois, descoberto pelo professor José Aparecido (Nino), ele foi levado para o juvenil do Juventus (time de campo), onde passou a jogar de ponteiro-direito.

Pedrinho chegou a frequentar o banco de reservas do time principal do Juventus, nos primeiros anos da década de 1980, atendendo a convocações do técnico Tinoco. E até integrou uma delegação juventina em um Copão da Amazônia. Mas a concorrência era dura. O titular da ponta-direita era o Paulinho Rosas, um dos maiores atacantes do futebol acreano da época.

Até que chegou 1983 e Pedrinho se encontrou com sua grande vocação, no caso o futebol de salão. “Quem me levou para o futebol de salão foi o técnico Davi Abugoche, que dirigia o Rio Branco. No meu primeiro jogo, eu comecei no banco. Só entrei no segundo tempo. Entrei muito bem e até marquei alguns gols. Eu entrei no lugar do Cirênio”, disse Pedrinho.

 

Cronologia de camisas e as grandes alegrias

Rio Branco – 1983. Em pé, da esquerda para a direita: Pedrinho, Didi, Nelsinho e Auzemir. Agachados: Bé, Jorge Tijolo e Dô. Foto/Acervo Francisco Dandão.

 

Dono de boa memória, Pedrinho relatou, de forma cronológica, os times por onde ele passou no futebol de salão/futsal: “Rio Branco (1983), Independência (1984), Real Esporte Clube (1985), Piauí Esporte Clube (1986 a 1988 e 1992 – quadra e campo), Banacre (1989), Gráfica Estrela (1990 a 1992), Teleacre (1993), Juventus (1999, Sênior) e Atlético (2000)”.

 

Independência – 1984. Em pé, da esquerda para a direita: Valdir Silva (diretor), Auzemir, Adrian, Marinho, Marcos e Zé Ambrósio (massagista). Agachados: Zequinha, Klinger, Casquinha e Pedrinho. Foto/Acervo Pedro Peixoto.

 

O ex-craque não sabe quantos gols marcou durante os anos dentro de quadra. Sabe que muitos foram decisivos. “Teve uns gols do tipo inesquecíveis, como os dois que eu fiz na final do campeonato estadual de 1985, pelo Real, contra o Banacre. Ganhamos de 4 a 1”, afirmou Pedrinho.

Seleção Acreana de Futebol de Salão – 1985. Em pé, da esquerda para a direita: Assis (técnico), Cirênio, Adriálvaro, Carlos Ferreira e Adrian. Agachados: Pedrinho, Dô, Casquinha e Jorge. Foto/Acervo Pedro Peixoto.

 

Piauí – 1988. Em pé, da esquerda para a direita: Sapatão (técnico), Cabral, Paulo Henrique, Ney, Kalu, Artur, Auzemir e Maurício Generoso (preparador físico). Agachados: Léo, Carlinhos, Edson, Pedrinho e Artêmio. Foto/Acervo Pedro Peixoto.

 

 

AC Juventus master – 1999. Em pé, da esquerda para a direita: Davi Abugoche (técnico), Hudson, Dadão, Carlinhos Bonamigo, Nande, Zito e José Pinto (Diretor). Agachados: Amarildo, Pedrinho, Venícius Martins, Jorge Carlos e Mário Jorge. Foto/Arquivo Pessoal Manoel Façanha.

 

Atlético Acreano – 2000. Em pé, da esquerda para a direita: Gilsomar (técnico), Thiago, Cláudio, Dênis, Ismael, Geison, Edilio e Afif (prep. físico). Agachados: Edson, Adejanes, Pedrinho, André e Evaldo. Foto/Acervo Pedro Peixoto.

 

“E teve também, nessa linha dos inesquecíveis”, continuou Pedrinho, “os dois que eu fiz na final do campeonato de seniores, jogando pelo Juventus, contra a Rondobrás, em 1999. Ganhamos por 3 a 1. O Juventus era um timaço, alinhando craques como o Carlinhos Bonamigo, o Dadão, o Mundoca, o Lauro Fontes, o Jorge Carlos. Foi demais jogar naquele time”.

No que diz respeito às grandes alegrias, Pedrinho disse que foram muitas. Principalmente levando em conta que ele sempre integrou os melhores elencos, o que lhe possibilitava sempre estar disputando finais e ganhando a maioria delas. “Mas eu diria que o que me faz mais feliz são as amizades que eu ganhei nas quadras e que permanecem até hoje”, disse ele.

 

O canto do cisne e os personagens de destaque

Depois de ter parado com a bola por algum tempo e até haver jogado um campeonato de sêniores, Pedrinho, aos 37 anos, ainda voltou às quadras para o seu canto do cisne, uma espécie de despedida em alto estilo. “Voltei para jogar pelo Atlético, atendendo a um convite da madrinha Flora Diógenes. Topei e acabei sendo campeão estadual”, explicou o ex-craque.

Sobre a escalação de uma seleção de todos os tempos do futebol de salão/futsal do Acre, Pedrinho relatou que o seu time ideal formaria com Lauro Fontes; Casquinha, Artur, Artêmio e Ney. Mas como havia muita gente boa, ele tratou de citar outros nomes: “Auzemir, Hudson, Bigu, Adrian, Paulo Henrique, Magid, Dô, Jamerson, Jorge Tijolo… Todos craques”.

Pedrinho Peixoto, o último sentado, em foto familiar no início de 2020. Foto/Acervo Pessoal de Pedrinho Peixoto

 

O jogador que lhe dava mais trabalho era o Casquinha. “Ele era liso, muito habilidoso, escondia a bola, não se podia vacilar”, explicou Pedrinho. E quantos aos melhores na condição de dirigente, técnico e árbitro, Pedrinho lembrou dos nomes de, respectivamente, Domingos Amaral, Davi Abugoche e Carlinhos Santiago. “Todos, pessoas da maior integridade”, afirmou.

Pedrinho, ex-craque e artilheiro das quadras, concluiu falando sobre o presente do futsal acreano. Ele disse que tanto o futebol de campo quanto o futsal perderam força, mas que não sabe dizer com precisão os motivos dessa decadência. “A magia que vivemos nas décadas de 1980 e 1990, com grandes jogos e os ginásios lotados, era inexplicável. Mas, infelizmente, acabou”.

Fax-símile do Jornal Opinião de 31 de maio/2020.