O homem que manda no Atlético-PR e já foi presidente do clube, Mario Celso Petraglia, é um dos mais declarados apoiadores de Bolsonaro no mundo do futebol e tem livre acesso ao eleito.
Também são conhecidas as críticas do dirigente paranaense ao monopólio da Globo dos direitos de transmissão do futebol. O Atlético-PR é um dos clubes grandes que fecharam acordo no Campeonato Brasileiro, a partir de 2019, com o canal fechado, por assinatura, do grupo Turner.
A divisão de cotas de transmissão é o maior alvo de Petraglia contra a emissora brasileira. Cita-se ainda que o cartola tem críticas severas à CBF, que é quem sempre propiciou a Globo facilidade para negociar com os clubes os direitos dos jogos.
Além disso, a bancada da bola do Congresso, apoiadora da entidade máxima do futebol brasileiro, enfraqueceu bastante para a próxima legislatura, com a não reeleição ou não participação do pleito de vários deputados e senadores ligados à confederação.
Em outra vertente, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) analisa desde maio de 2016 a legalidade do monopólio das transmissões do futebol pela Globo, abrangendo campeonatos regionais e nacionais.
Além disso, alguns clubes da elite, que haviam assinado com o grupo Turner, foram ao órgão receosos de serem prejudicados pela Globo a partir do ano que vem em suas transmissões para o canal aberto, já que a emissora de televisão manteve o controle dos direitos de exibição por esse sistema (apenas para TV por assinatura é que o grupo Turner concorreu com a Globo).
Destaca-se que o Cade passa por um processo de disputa no governo de Bolsonaro. Paulo Guedes, o futuro ministro que liderará vários ministérios ligados à economia, quer transferir o Conselho – hoje sob a guarda do Ministério da Justiça – para uma pasta ligada a ele. É que uma das premissas de Guedes no cargo é a livre concorrência, área de atuação do Cade. Cita-se ainda que os cargos de quatro dos sete conselheiros do órgão vencem em 2019.
A possível saída do Cade do Ministério da Justiça pode ser uma perda para a Globo, já que um dos seus grandes aliados (e talvez um dos poucos no governo Bolsonaro), Sérgio Moro, irá ocupar a pasta.
Por fim, é bom lembrar que a TV de Edir Macedo, a Record, é a que mais gostaria de realizar as transmissões esportivas que a Globo hoje faz. Como o pastor foi um cabo eleitoral importante de Bolsonaro, também deve cobrar essa conta.
O fato é que a emissora carioca poderá enfrentar dificuldades com seu principal produto – e o mais lucrativo – com esse contexto.