Estive a pensar com os meus zíperes (poucos ainda pensam com os botões, levando-se em conta que este é um produto praticamente em extinção) sobre as escaramuças do final de semana pelos campos de futebol do mundo. Foram muitas escaramuças, envolvendo inúmeros personagens.
E aí, pensa daqui, pensa dali, me lembrei do golaço do Neymar, pelo campeonato francês, no sábado (14), contra o Strasbourg. Gol de bicicleta, ou meia bicicleta, ou voleio, seja lá como se denomine. A bola alta, o cara de costas para o gol, o corpo no ar e o goleiro nem vendo a cor da “deusa”.
Um lance de difícil execução, mas que os cracaços fazem com simplicidade. Tudo mais ou menos dentro de um parâmetro de normalidade, em se tratando do cara que o realizou, não fosse o que ocorreu naquele estádio, com o brasileiro sendo hostilizado pela torcida do seu clube.
A maioria dos jogadores, ao ser recebida com tanta aversão pelos seus próprios torcedores, certamente se esconderia em campo, não arriscaria lances de efeito e se limitaria a tocar a bola naquele sistema nove e quinze (só para os lados). Com Neymar é outro papo: nenhuma vaia o afeta.
Depois, seguindo nessa dança livre do pensamento (mais ou menos no ritmo daqueles clássicos do rock’n roll progressivo), me ocorreu a pancada terrível que o Atlético Acreano, gloriosa equipe celeste do segundo distrito de Rio Branco, levou do Clube do Remo, na Belém de todas as mangueiras.
O Galo foi ao Pará precisando tão somente de um mísero empate, depois de vencer o Remo na partida de ida, em Rio Branco, por dois a um. Em princípio, não parecia uma missão assim tão impossível, do tipo daquelas que o Tom Cruise realiza nas telas do cinema. Infelizmente, só parecia.
Pois o Remo meteu seis gols a um. E então, o que me ocorreu foi que um placar desses não traduz o que a gente chama de jogo de futebol. Tal e qual aquele sete a um que o Brasil levou da Alemanha, em 2014, parece mais ter se tratado de um atropelamento por um caminhão desgovernado.
Num jogo de futebol duas forças opostas atacam e defendem, alternadamente, uma procurando sobrepujar a outra, na tentativa de botar uma bola na rede adversária. Pressupõe-se equilíbrio nas ações. O Galo, porém, perdeu como alguém que cruza uma rua sem olhar para os lados.
Por último, pensei no jogo do Fluminense contra o Corinthians, em Brasília, com maioria de corintianos nas arquibancadas. Favoritismo dos paulistas. Aí, não mais que de repente, um certo “sobrenatural de almeida” depositou um frango nas mãos do goleiro Cássio. Flu um a zero! É ruim?