Depois de um friozinho esperto, daqueles de fazer a gente sempre remelar os olhos para encontrar um chocolate quente pela manhã e uma sopinha na hora do jantar, eis que o sol volta a castigar os cocos dos transeuntes incautos na sempre bela (e perigosa) cidade do Rio de Janeiro.
Enquanto isso, que eu nunca fui mesmo de queimar o tronco (nem a cabeça ou os membros) nas areias escaldantes das beiradas dos sete mares, de dentro do meu escritório, devidamente resfriado por um ar condicionado de última geração, eu fico pensando nas mais diferentes abobrinhas.
Então, puxa daqui e dali, com a vela já esticada para a navegação de praxe do fim de semana, me vi com algumas janelas do computador abertas à minha frente, relativas às tabelas de classificação das séries A, B, C e D dos campeonatos brasileiros de 2024, outro ano da Graça de Jesus Cristo.
Minha curiosidade, em princípio, foi a de verificar quantos times do Norte do Brasil apareciam no game. E aí eu vi que na série D não sobrou sequer umzinho para brigar pelo acesso à série C do próximo ano. Necas de pitibiriba. Foi todo mundo para o espaço. Caíram todos nas oitavas de final.
Enquanto isso, na série C permanece apenas o glorioso Clube do Remo, que só passou para a segunda fase agarrado num fiapo de cabelo. Com uma campanha de oito vitórias em 19 rodadas, o Clube do Remo vai precisar de muita chuva, açaí com farinha, tacacá e maniçoba para subir a ladeira.
Já na série B, os dois nortistas, o paraense Paysandu e o amazonense Amazonas, se não são, a essa altura, candidatos ao pódio ou a ficar entre os quatro primeiros, pelo menos também não têm sido frequentadores habituais da zona da confusão, aquela que apresenta o cadafalso aos desafortunados.
Na série A nem se fale. Sei lá quanto tempo faz que um time do Norte não faz parte da elite do futebol brasileiro. Se esse texto tivesse a pretensão de ser uma comédia antiga, e seu eu tivesse o talento daqueles antigos dramaturgos saxões, poderia até se chamar “sonho de uma noite de verão”.
Menos mal que, no caso da série A, para fugir aos eventos de praxe, na falta de um time do Norte na categoria dos emergentes, tem um nordestino na cabeça. O Leão do Pici, que a verve criativa dos cabeças chatas adaptou para “Laion”, popularmente conhecido como Fortaleza, anda rugindo alto.
É isso, por hoje, galerinha que me segue desde que na Terra era pleno abril e desde que nas bancas de revista brilhava um sol que não era astro nem rei. Fiquem por aí que eu vou ali, consultar o meu horóscopo. Eu sou de libra. Signo do equilíbrio. Desde que eu não cometa alguma linha mal traçada!