Faz um ano e meio que eu requeri a minha aposentadoria do serviço público, situação a qual eu me submeti por 39 anos, caríssimo leitor. Aposentei-me, mas não pendurei definitivamente as chuteiras, do ponto de vista da produção. Os textos continuam a fluir. Abstrações e concretude!
Prova disso é esta crônica em que você (quem quer que seja), aí na frente do papel ou da tela, está a gastar o brilho dos seus olhos oblíquos neste exato instante. As minhas chuteiras carcomidas pela esfinge do tempo ainda são capazes de alguns chutes, para o lado que o meu nariz aponta.
E prova disso também é o gibi Futebol Acreano em Revista, de iniciativa da Federação de Futebol do Acre. Uma produção para a qual eu e o meu afilhado Manoel Façanha todos os anos somos convocados. O presidente Toniquim convoca e a gente prontamente atende ao apelo dele.
Ao Manoel Façanha compete escrever as matérias sobre as competições organizadas pela federação no ano vigente. Todas as competições: do torneio sub 13 ao campeonato feminino, passando pelos outros “subs” e pelo campeonato profissional. Eu desencavo as memórias!
E nessas de “desencavar memórias”, eu vou sempre absorvendo um monte de novas informações sobre o passado do futebol acreano. A cada palavra dos entrevistados, somam-se mais elementos às reminiscências coletivas desse esporte, em nível regional. A lembrança se desfaz palavra.
No trabalho para a edição deste ano eu tive o prazer de entrevistar jogadores representativos de um leque variado de décadas. Mais especificamente, das décadas de 1960 até o corrente século XXI: Benevides e Elísio, os mais antigos; Alcione e Rogério Tarauacá, os mais recentes.
O Benevides talvez tenha sido uma das maiores vocações de goleiro já surgidas em solo acreano. Em minha opinião, ele só não foi mais longe como futebolista por causa de um tiro que levou acidentalmente. E o Elísio marcou época como atacante do Juventus e guitarrista de “Os Bárbaros”.
No que diz respeito aos outros dois citados, o Alcione e o Rogério Tarauacá, converge nas histórias de ambos a origem interiorana. Alcione veio de Brasiléia e Rogério, conforme o apelido sugere, nasceu em Tarauacá. O primeiro ainda está na ativa, o segundo não tem plena certeza.
As lembranças dos meus personagens do ano ganham noção de conjunto na edição número seis de Futebol Acreano em Revista. O lançamento será na próxima quinta-feira, segundo me relatam as infovias. Brincar de memória, assim como fazer amor, é um jeito de driblar a morte!