Jogadores de futebol no Brasil são realmente um desastre político. Não se posicionam sobre o impeachment em curso, enquanto a maioria das categorias profissionais já demonstrou de que lado está.
Famosos e assediados pela imprensa – claro, aqueles dos grandes clubes – preferem manter-se em um silêncio perturbador no País do futebol. Enquanto a torcida organizada manda o seu recado das arquibancadas, boleiros fingem que não é com eles.
É mais uma prova da falta de união da classe. Nem o Bom Senso FC se posicionou. O grupo de atletas “preocupados com os desmandos” vinha nos últimos tempos se manifestando de forma coerente sobre vários problemas relacionados ao futebol brasileiro, inclusive pedindo o afastamento do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, mas foi só se deparar com uma situação mais aguda, relacionada a uma questão nacional maior, que se recolheu ao casulo, como se isso não interferisse no seu dia a dia.
O mínimo que se deveria fazer era mostrar preocupação pública com o impeachment e discutir as influências positivas e negativas ao esporte, em uma época em que o futebol brasileiro vive um das suas piores crises fora e dentro de campo. Não é possível que o impeachment não tenha nenhuma influência ao meio.
Alguns boleiros se assanharam nas eleições de 2014, defendendo seu candidato na televisão. Depois disso, se debandaram.
Esse distanciamento da vida política de jogadores de futebol no País é histórico, com raras exceções – a Democracia Corinthiana é a primeira que vem a mente e voltou agora, só que liderada por torcedores incomodados com a constante repressão policial – notadamente a paulista -, e o autoritarismo das entidades e parceiros do futebol em detrimento àqueles que se sacrificam para ir aos estádios, em horários proibitivos e preços de ingressos idem.
Jogadores parecem fazer dobradinha com dirigentes nessa omissão em um momento tão delicado do País. Como se sabe, cartolas do futebol brasileiro se assemelham nas práticas aos parlamentares – aqueles mesmos que votarão no Congresso o impeachment como se todos fossem isentos, probos e paladinos da moralidade.
O posicionamento dos atletas sobre o impeachment seria uma forma de afastá-los da pecha de serem vistos como dependentes de uma rede corrompida, semelhante àquela em questionamento hoje pela sociedade: o sistema político. Mas isso parece não interessá-los.