A seleção brasileira passou para a fase de oitavas-de-final da Copa do Mundo com uma expressiva goleada sobre os assustados e taticamente indisciplinados camaroneses: 4 a 1. Números que não deixam dúvidas quanto à superioridade da equipe vencedora, além de mais do que empolgar aquela parte (numerosa parte) da torcida que só tem olhos para o resultado.
O jogo foi realizado em Brasília, capital do país, centro do poder decisório dos “brazucas” (o povo, não as bolas, viu?) e contou com a presença de mais de 60 mil pessoas que, mais uma vez, cantaram o hino nacional até o fim, a plenos pulmões. Lágrimas nos olhos de alguns, nervos à flor da pele de outros. A pátria de chuteiras para massacrar o inimigo!
Coincidentemente, o estádio dessa vitória brasileira se chama “Mané Garrincha”, o gênio que humilhou seus marcadores em duas copas (1958 e 1962). Mané, que morreu em decorrência de complicações causadas pelo vício do alcoolismo, deve ter tomado um porre de felicidade nessa segunda-feira, acompanhado de Baco, Zeus e os outros deuses do Olimpo.
Mas embora os números dessa vitória sejam expressivos, é bom botar as barbas de molho. Primeiro porque os próximos adversários, os chilenos, não tem nada de bobos. É verdade que ainda não levaram pra casa nenhum título assim tão expressivo, mas é verdade também que estão praticando um futebol de primeira, com até algum excesso de verticalidade.
Segundo porque qualquer ataque de terceira categoria (como o de Camarões mesmo) tem penetrado com alguma facilidade pelo meio da nossa defesa. A despeito de que Thiago Silva e David Luiz sejam tidos e havidos como dois dos melhores zagueiros do mundo, o certo é que existe algo de vulnerável rondando a grande área brasileira. Latifúndio de perigo!
E terceiro porque alguns dos “virtuoses” da seleção brasileira estão jogando abaixo das suas possibilidades. Em determinadas situações, são tão grosseiros os erros (de passes, por exemplo) que a impressão que a gente tem é a de que eles jamais jogaram juntos. Não creio que seja necessário citar nomes (inclusive porque eu sigo torcendo por eles). Tá na cara!
Com todas essas “questiúnculas”, ficamos cada vez mais dependentes da bola redondinha do Neymar. Se não alçado ainda à condição de divindade (dado, principalmente, a falta de um título mundial), certamente com boas probabilidades de sê-lo nos anos que virão por aí. Moleque abusado, Neymar não respeita a truculência de zagueiro algum!
Estamos felizes com a goleada sobre Camarões e com a classificação, sim. E também ansiamos por outra vitória. Mas é certo que a seleção brasileira precisa jogar muito mais para nos encher de confiança. Por enquanto está galgando degraus na base do talento do Neymar e do entusiasmo do resto da turma. Que sábado o horizonte seja realmente belo!
Francisco Dandão