O famigerado futebol brasileiro – aquele liderado por Neymar, Renato Augusto e Cia. – pode até levar o ouro, mas nada será mais brilhante aos Jogos Olímpicos do Rio do que ver Marta e Cia. subirem ao lugar mais alto do pódio no Maracanã. Ah, como seria lindo!
Essas atletas que têm pouco apoio para jogar no País, com salários de jogadores de terceira divisão. E os clubes que não abrem as portas como deveriam às meninas.
Elas que passam parte do ano sem atividades por que o calendário inexiste, levando muitas à desistência, a frustração e a revolta.
A imprensa, que toma o seu tempo bajulando marmanjos em jornais e em espaços generosos em emissoras de rádio e televisão, terá que repensar sua pauta, se o título chegar às garotas. Que mídia é essa que leva o domingo insuflando egos de homens para caírem na noite?
O que dirá a CBF, que prometeu apoio inconteste ao futebol feminino? Vai se recolher a sua mediocridade na organização do futebol brasileiro, tratado como um balcão de negócios, onde o que vale é cada um levar o seu e que se lixem os torcedores.
Na recepção da entidade entrará pela porta da frente o ouro das mulheres, sob o olhar incrédulo de Marco Polo Del Nero, o presidente da CBF que não pode viajar ao exterior para não ser preso – e está solto no País com a conivência das autoridades.
Um choro dessas meninas com a medalha dourada inédita no peito terá um valor extraordinário de luta, de suor, de força e de superação acima dos colegas homens, isso é que é a realidade.
Será, com certeza, uma emoção mais significativa do que a expressada, caso ganhe, à seleção masculina, composta, em sua maioria, por jogadores (vamos falar a verdade) concentrados com seus empresários, imaginando como transformar os Jogos Olímpicos em mais um trampolim para negociar melhor seus contratos com patrocinadores e clubes, ou até para realizar uma transferência.
Neymar, peça apoio da torcida. Não deixe de exigi-la de jogar a favor do Brasil, para que conquiste o único título que falta ao futebol masculino brasileiro em sua história.
Mas saiba que você já perdeu, mesmo com uma possível vitória. O coração agora bate mais forte para as nossas bravas meninas. Essa foi a maior contribuição sua, da equipe e da CBF ao futebol brasileiro na Rio 2016: fazer torcer muito pelas mulheres.