Os técnicos de futebol nascidos no Brasil foram ignorados na lista da Fifa que vai apontar o melhor desses profissionais na última temporada. A gente só vai conhecer o vencedor no mês de setembro, mas o processo de votação já está em andamento. E no dia 10 de agosto as urnas serão lacradas.
A lista é eclética, abrangendo desde os treinadores que se destacaram na Copa do Mundo (Didier Deschamps, da França; Stanislav Cherchesov, da Rússia; e Zlatko Dalic, da Croácia) até outros que não trabalharam no Mundial, como o argentino Diego Simeone e o francês Zinedine Zidane.
O professor Tite, comandante da seleção brasileira nas estepes russas, não passou nem perto de participar da lista dos onze candidatos ao pódio da temporada. O tropeço do Brasil nas quartas de final da competição para aqueles belgas metidos a besta certamente foi decisivo para a ausência dele.
Eu acho que se o Tite tivesse levado o Brasil mais para a frente, pelo menosaté às semifinais, os diletos eleitores da Fifa teriam arranjado uma vaguinha para ele, nem que fosse para concorrer sem muita chance de levar o troféu pra casa. Uma derrota, às vezes, pode arruinar todo um currículo.
De modo geral, em se tratando de análise de desempenho esportivo, só se leva em conta a vitória, ignorando-se os detalhes. Naquele jogo contra a Bélgica, por exemplo, o primeiro gol deles foi um tremendo golpe de sorte. Enquanto isso, a bola do Brasil batia na trave e voava para longe das redes.
O Tite, aliás, se tivesse vencido a Copa, muito provavelmente não estaria mais a essa hora no comando da seleção brasileira. Em vez disso, talvez estivesse planejando a sua candidatura à presidência da república. Na escassez de confiança que grassa por aí, acho que eleição dele seria moleza.
Se com a derrota o moral do homem ainda está alto, imaginem só se ele voltasse da Copa como vencedor. Não teria pra ninguém. Ele ia ter mais votos para presidente do que o Tiririca teve para deputado federal e o Cabide obteve para vereador de Rio Branco uns anos atrás. Muito mais votos!
Informações de bastidores indicam que existia mesmo um projeto nesse sentido da candidatura do Tite à presidência da república. E tanto se acreditava que isso seria possível que até o mandatário da CBF resolveu ignorar as recomendações da Conmebol na escolha da sede da Copa de 2026.
O raciocínio era simples. Com Tite presidente do país, a Conmebol não teria coragem de isolar a CBF das suas decisões. Se tentasse alguma coisa, o Brasil sairia do Mercosul e aí o angu estava feito. Não deu certo. E agora teremos que escolher entre nada e coisa nenhuma. Azar o nosso!