A vida não para. A vida não pode parar. Mais ou menos como a história da bicicleta, que derruba o ciclista se as rodas travarem. É por isso que as águas do rio nunca são as mesmas a cada mergulho. Heráclito, o filósofo pré-socrático, foi quem disse isso. Heráclito sabia das coisas!
Veja-se o caso do glorioso Rio Branco, vencedor do primeiro turno do campeonato acreano deste ano da Graça de 2016, depois de uma batalha épica contra o Atlético Acreano, no fim de semana que passou… Pois bem: mal concluiu aquela missão e já se propõe a enfrentar outra pedreira.
A próxima pedreira responde pelo nome de Paysandu. Jogo pela Copa Verde, lá na terra do adversário, na Belém de todas as chuvas, tacacás e mangueiras. Belém do rio Guamá, do patchouli, do carimbó etc. Pedreira, aliás, é um bairro de Belém, embora isso nada tenha a ver com o jogo.
Rio Branco e Paysandu, quando ambos eram integrantes da série C do campeonato brasileiro, sempre protagonizaram grandes confrontos. Depois, com o passar dos anos, quis o destino (ou qualquer outro nome que se possa dar à história), que cada um trilhasse caminhos bem opostos.
O Estrelão acreano, por conta de trapalhadas de alguns dirigentes, desceu a ladeira rumo à série D, lugar onde há dois anos permanece sem forças para sair. Enquanto isso, o Papão da Curuzu paraense, trabalhando organizada e determinadamente, subiu para a série B, almejando ir além.
Essa diferença de séries entre um e outro time, eu diria, surge como um primeiro fator a apontar o favoritismo dos paraenses no sentido de qual a equipe que deverá seguir em frente na disputa da Copa Verde. Penso que todos os torcedores, minimamente lúcidos e conscientes, sabem disso.
O que pesa a favor do Rio Branco é a sua condição de franco atirador. Explico: se o favoritismo é do adversário, então o time considerado inferior pode se dar ao luxo de jogar sem maiores, digamos, preocupações. Jogar sério, mas sem maiores preocupações. Tudo é lucro!
Sim, tem mais uma coisa. O Rio Branco já pregou boas peças nos times paraenses. A maior dessas peças aconteceu em 1997, na final da falecida Copa Norte. Depois de empatar em zero a zero na capital acreana, o Rio Branco foi a Belém e derrotou o Clube do Remo por dois a um!
Claro, eu sei que essa referência a um título do Rio Branco dentro do Mangueirão só vale como lembrança histórica. O passado não entra em campo. A memória, porém, é importante para a invenção da vida. As águas são outras a cada instante, mas sempre é possível mergulhar mais fundo!