Publiquei um dia desses, numa rede social, uma fotografia do Santa Clara, time que disputava o campeonato suburbano de Rio Branco na década de 1970. Campeão da referida competição em 1971, o Santa Clara alinhava uma turma de boleiros de primeiríssima linha do futebol acreano de então.
A foto mostra na fila de cima os seguintes jogadores, levando-se em conta a direção da esquerda para a direita: Dadá, Fia, Nego, Hélio Pinho, Alberto e Chico Cuiú. Na fila de baixo, aparecem, também da esquerda para a direita: João Cutia, Maurício Bacurau, Chico do Codó, Gilito e Tim.
Vários desses aí citados também gastaram a sua bola em times que disputavam o campeonato principal. Casos de Nego e Alberto (zagueiros do Vasco da Gama), Hélio Pinho (lateral-esquerdo do Independência), João Cutia (zagueiro do Andirá) e Maurício Bacurau (atacante do Atlético).
Independentemente da importância de cada um dos sorridentes “craques” da foto, posando coma faixa de campeões no peito, o que me chamou a atenção foram os apelidos. Dos onze, apenas dois são chamados pelo nome de batismo. Todos os outros são denominados pelas alcunhas.
No futebol acreano dos anos de 1960 e 1970, os jogadores eram mais conhecidos pelos seus apelidos do que pelos nomes próprios. Chamar alguém pelo apelido (ainda que alguns pejorativos), traduzia intimidade. Quase todo mundo se conhecia e, então, melhor o apelido do que o nome.
Assim, era possível escalar um time só com os apelidos. Vejamos: Pituba (Andirá); Pintão (Atlético), Pitico (Atlético), Deca (Independência) e Bodó (Floresta); Dadão (Juventus), Babá (GAS) e Boá (Atlético); Bico-Bico (Independência), Jangito (Independência) e Maurício Bacurau (Atlético).
E outro: Tranca Rua (Floresta); Samba (Internacional), Puxa Faca (Atlético), Pedro Louro (Rio Branco) e Zero Hora (Rio Branco); Pixilinga (Andirá), Caçarola (Floresta) e Russo (Rio Branco); Chicana (Internacional), Valdir Pai Véi (Atlético) e Litro (Independência). Um time de responsa!
Fora esses citados, agora dizendo de forma aleatória (sem a escalação por posição), vou lembrando de mais alguns enquanto escrevo. Tomem nota aí: Lero (Inter), Agnaldo Macaxeira (Vasco), Abacate (Floresta, Pipira (Rio Branco), Bidu (Vasco), Peroaba (Andirá), Padreco (Rio Branco) etc.
Os apelidos demonstravam proximidade. Coisa que não existe mais, quando o distanciamento virou moda. Nesse século XXI, quando cada um vive no seu mundo particular, todos tem que ser tratados pelo nome próprio, até quando existe um apelido. Exemplo concreto: Paulo Henrique Ganso…