Estamos na primavera no hemisfério sul. Iniciada no dia 22 de setembro, essa estação se estende até 21 de dezembro. Normalmente nessa época do ano a gente via muitas flores nos parques e nas beiras de estradas. Digo “normalmente” porque, como se sabe, vivemos tempos meio estranhos.
Também digo “via muitas flores” porque não as tenho percebido com a intensidade de outrora. Fico procurando os ipês e já não os encontro. Quer dizer, até os encontro sim, mas a maioria com um tantinho só de flores e sem muito viço, como que mergulhados em profundo sentimento de nostalgia.
Aliás, eu nem saberia dizer exatamente qual é o cheiro dessa primavera de 2020. Até anos recentes, o cheiro da primavera era de flores. Mas agora, de flores é que não é. O cheiro de agora está mais para terra calcinada, de onde só brotam cinzas e desolação. As queimadas estão no ar!
Não era, porém, só de flores o cheiro da primavera do hemisfério sul. Também existia, nos anos mais antigos do passado, por essa época do ano, o cheiro de craques. Fato comprovado. Afinal, foi em outubro que nasceram três dos grandes virtuoses de bola desse planeta: Pelé, Maradona e Garrincha.
Pelé, o maior de todos (queiram ou não os despeitados argentinos), nasceu no dia 23 de outubro de 1940, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais. Fez tudo como jogador de futebol. Desafiou, inclusive, a meteorologia, fazendo chover várias vezes nos múltiplos campos do mundo.
Maradona, por sua vez, baixinho e marrento, que nasceu no dia 30 de outubro de 1960, escondia a bola com o seu endiabrado (os argentinos acham que ele é deus) pé canhoto. Era um mágico dos gramados. Tinha a capacidade da prestidigitação. Tanto que fazia gols com a mão e o árbitro não percebia.
Já o Garrincha, nascido no dia 28 de outubro de 1933, este desafiou as leis da física. Com as pernas tortas, dificilmente quem o via fora dos gramados acharia que ele pudesse jogar futebol. Mas ele não somente jogava como fazia de patos os seus marcadores. Ninguém o parava. Era impossível!
Sobre o Garrincha, aliás, reza a lenda que ele causou até um “prego” num computador soviético. O tal computador teria sido alimentado com dados para encontrar uma fórmula para anular o Garrincha. Coitado! Depois de alguns minutos em funcionamento, a máquina teria perdido os parafusos!
É isso, por hoje. Que essa primavera de queimadas e pandemia passe logo. Que venham as chuvas de verão. Que, num futuro não muito distante, todos possamos acordar desses pesadelos que nos assombram no presente. E que possam vir por aí novas flores, novos cheiros e novos super craques!