Quarteto no degrau de cima

Depois de pouco mais de quatro meses de disputa da Série C (a competição começou no dia 27 de abril), eis que o país conheceu no fim de semana o quarteto que subiu para a Série B do Brasileirão do próximo ano: Náutico-PE, Juventude-RS, Confiança-SE e Sampaio Corrêa-MA.

As quartas-de-final, aquela fase da competição que determina os que sobem para o degrau de cima e os que permanecem mais um ano no lugar em que já estão, foram jogadas em clima de absoluta intensidade e emoção. Passar de série significa demais mesmo para um time do interior do país.

Nos dias imediatamente anteriores àqueles em que seriam decididas as vagas à próxima Série B, eu tive a oportunidade de presenciar esse clima de ansiedade que viveu um dos grupos simpatizantes dos times envolvidos no processo: a gloriosa torcida do Paysandu, o famoso Papão da Curuzu.

De passagem por Belém, para participar de um congresso de pesquisadores em comunicação, eu pude vivenciar a paixão e a esperança de uma legião de paraenses. E em todas as conversas, a certeza era absoluta: o Paysandu iria bater o Náutico, em Recife, e jogaria a Série B de 2020.

A confiança dos torcedores paraenses do Paysandu se baseava em várias premissas, apesar do empate no jogo da ida, em solo nativo. Destaco duas dessas premissas. Primeira: o Paysandu costumava jogar melhor como visitante. Segunda: a fé no poder divino de Nossa Senhora de Nazaré.

O primeiro aspecto, de fato, se concretizou. No jogo da volta, em Recife, pode-se dizer que o Paysandu passeou no Estádio dos Aflitos. O time bicolor abriu uma vantagem de dois a zero e poderia ter feito pelo menos mais dois, tal o número de oportunidades criadas. No mínimo mais dois!

Nossa Senhora de Nazaré, cuja celebração pelas ruas de Belém está marcada para o mês de outubro, porém, embora tenha cuidado bem dos jogadores do Paysandu, não teve forças para segurar o apito do árbitro da partida, que deu uma penalidade contra o Papão no finalzinho do jogo.

O combate se encaminhava para o final e o Paysandu vencia por 2 a 1, resultado que lhe garantia o acesso para a Série B e, por consequência, alguns milhões de reais extras na conta bancária. Aí veio o pênalti que só o árbitro viu… E veio a decisão nas penalidades… E veio a eliminação dos paraenses.

Lamentável, muito lamentável, que o destino de um clube seja decidido pelo equívoco de um árbitro. A apaixonada torcida paraense merece muito que seus dois principais clubes joguem em séries mais adiantadas. Em tempo: não acredito que a fé tenha falhado. O apito é que soou mais alto!