Rebaixados

Encerrado mais um campeonato brasileiro, tem gente pra lá de feliz e outro tanto extremamente triste. O pessoal do lado de cima da tábua de classificação vai para o final do ano com a sensação do dever cumprido. Já o grupo dos rebaixados, esses estão a procurar os motivos do seu fracasso.

Do ponto de vista do campeão, pode-se dizer que o Palmeiras levou o título com um pé nas costas. Ao ocaso das trinta e oito rodadas, o Verdão do Parque Antártica meteu nove pontos na cabeça do segundo colocado. Ganhou o título com absoluta folga. Passeou nos gramados tupiniquins!

Nas últimas rodadas, aliás, a folga do Palmeiras foi tamanha que os times mais próximos se concentraram em brigar por uma vaguinha na Copa Libertadores da América. Uma conquista importante, sim, mas secundária. As uvas mais altas ficaram subitamente verdes, como na famosa fábula.

Abro uma espécie de parênteses para falar do Fluminense do meu coração, que concluiu a sua participação em décimo terceiro lugar, somando apenas cinquenta pontos em oitenta e quatro disputados. Como se diz no popular, não fedeu nem cheirou. Medíocre bem pra lá daquela serra.

No time dos quatro rebaixados, creio que não se pode dizer que foi surpresa os descensos de Figueirense, Santa Cruz e América-MG. A despeito da tradição na qual esses clubes estão recobertos da cabeça aos pés, eles são sim candidatos sempre a enfrentar a gangorra do sobe e desce.

Esses três são times talhados para as batalhas da série B. À exceção dos seus torcedores, ninguém sente ou lamenta a falta deles no pelotão de elite. Eles sabem que é assim. Certamente não vão admitir isso jamais em praça pública. Mas as suas participações na série A são esporádicas mesmo.

O quarto rebaixado, porém, o glorioso Internacional, colorado de confrontos memoráveis, cheio de caudilhos gaúchos, acostumados à glória dos mais encarniçados combates, não suponho que alguém em sã consciência tenha previsto tal fracasso lá atrás, quando o certame iniciou.

O Internacional tem um passado de esplendor e brilho. Penso que nem o mais pessimista dos torcedores, colorados ou não, imaginaria que um dia os jogadores do time voltariam pra casa e precisariam sair do aeroporto por uma porta dos fundos. Uma vergonhosa saída à francesa!

O Internacional seguiu a trilha da incompetência que já atingiu outros grandes clubes brasileiros. Sua imensa legião de torcedores não merecia humilhação de tal magnitude. Mas aconteceu e, como se dizia antigamente, “já era”. Vermelho, que possa renascer das próprias cinzas!