Rebaixamentos

Todos os anos o roteiro (e o drama) se repete: quando os diversos campeonatos brasileiros se aproximam do final, alguns times ficam lutando desesperadamente para fugirem do rebaixamento às divisões anteriores. É a hora da espada da justiça cortar a cabeça daqueles mais incompetentes.

São muitos os fatores que convergem para que um time seja rebaixado, desde a desorganização no gerenciamento do clube, até a deficiência do elenco. O bom gerenciamento é primordial para que tudo corra bem durante o processo. A qualificação do elenco também. Fatores que não se dissociam.

Durante o percurso de descida, invariavelmente, vários técnicos são demitidos. Os técnicos servem como uma espécie de válvula de escape para a incompetência dos dirigentes. Como todo mundo que acompanha futebol sabe, é mais fácil demitir o treinador do que dispensar vários jogadores.

O rebaixamento, ressalte-se, tem se mostrado uma ferramenta pra lá de democrática, não poupando camisa ou tradição. O que vale (pelo menos nos últimos tempos) é o desempenho dentro dos gramados. No caso da Série A do Brasileirão, os candidatos dispõem de 38 rodadas para evitar o desastre.

Nesta edição de 2020, por exemplo, dois clubes de grande tradição já foram para o espaço: o Botafogo, que vergonhosamente caiu com quatro rodadas de antecedência; e o Coritiba, que caiu pouco depois dos botafoguenses. Dois campeões brasileiros procurando luz no fim do túnel.

A campanha do Botafogo foi ridícula. O antigo “glorioso de General Severiano”, cuja camisa já adornou os corpos de caras como Garrincha, Nilton Santos, Jairzinho, Gerson, Paulo César Caju, Quarentinha, Zagallo, Didi (cito de memória), só venceu quatro dos 36 jogos realizados até aqui.

Igualmente ridícula foi a campanha do Coritiba, que até o presente momento conseguiu perder 19 vezes. Distante, muito distante do desempenho do ano de 1985, quando se tornou campeão jogando num Maracanã lotado, numa final contra o Bangu, do bicheiro Castor de Andrade.

Mas o drama ainda não terminou. Restam duas vagas no rebaixamento para a Série B de 2021. Pelo menos outros cinco clubes tradicionais estão com a corda no pescoço. Casos do Goiás, do Vasco, do Bahia, do Fortaleza e do Sport Recife. Dois desses cinco times vão “sifu”, dançando miudinho.

Olhando-se por outra perspectiva (a do “copo meio cheio”), porém, pode-se dizer que a próxima Série B vai ser das mais animadas, uma vez que já estão garantidas as participações de quatro campeões brasileiros: Cruzeiro, Botafogo, Coritiba e Guarani… E assim continua o caminhar da humanidade!