No futebol acreano do passado, décadas de 1960 e 1970, poucos artilheiros foram tão competentes quanto o atacante Danilo Galo. Veloz, rompedor e de chute fortíssimo, ele era um perigo para as defensivas adversárias. E fora tudo isso, ele era daqueles que a bola batia nele e entrava.
Já em 1958, quando ele mal havia completado 14 anos, ao participar de uma “peneira” no Vasco da Gama, foi logo marcando gols no time titular. Ele foi para a tal “peneira” com um bando de garotos do bairro 6 de Agosto. Somente ele foi aprovado. E aí ganhou o seu primeiro par de chuteiras.
Daí até encerrar a carreira, em 1978, Danilo vestiu outras quatro camisas: Rio Branco, Independência, Atlético Acreano e Andirá. No Tricolor do Marinho Monte fez apenas amistosos. É que os dirigentes ficaram enrolando para cumprir o que o artilheiro pediu. Foi embora sem se despedir.
Já no Atlético e no Rio Branco, Danilo viveu momentos de glórias e ainda faturou um bom dinheirinho. Apesar de o futebol acreano não ser profissional à época, os contratos existiam e também eram dados empregos públicos para os jogadores. E ainda tinha o “bicho” por cada vitória.
Mas o Danilo não se notabilizou apenas pelo seu faro de artilheiro. Ele também ficou famoso, assim como o irmão Stélio, lateral-esquerdo do Rio Branco e do Andirá, por não levar desaforo pra casa. Era alguém pisar no seu calo que a porrada cantava no gramado do vetusto estádio José de Melo.
Até hoje é lembrada pelos torcedores mais antigos uma batalha campal entre os jogadores do Vasco e do Grêmio Atlético Sampaio, no campeonato de 1967. O estopim da confusão foi uma frase do Danilo para o goleiro Monteiro. Danilo fez um gol e disse: “Pega, frangueiro”. Aí o pau comeu!
Outra confusão célebre com a participação dele aconteceu num jogo entre Atlético e Rio Branco. Simplesmente brigaram em campo ele, jogando de ponta-direita pelo Galo, e o seu mano Stélio, defensor do Estrelão. Difícil dizer quem apanhou. O que se sabe é que os dois foram expulsos de campo.
Pra vocês terem uma ideia de como o Danilo era brabo, lá pelas tantas o comentarista Raimundo Nonato “Pepino” passou a chama-lo de “cavalo batizado”. Foi isso, aliás, que fez o Danilo Galo largar a bola, a pedido de uma filha dele, que por conta do apelido passou a sofrer gozações na escola.
Sim, antes que acabe o meu espaço, preciso explicar a razão do epíteto “rei dos galos”, ressaltando que isso não teve/tem nada a ver com o futebol. É que o artilheiro toda a vida foi apaixonado por galos de briga. Tanto que até hoje, embora não dispute mais rinhas, ele segue criando os seus galinhos!