O medo de que obras fossem entregues com atraso para os Jogos virou realidade. Num País onde projetos são elaborados com orçamentos irreais (pra cima e pra baixo), ausência de fiscalização séria, com decisões políticas sobrepondo às técnicas, e falta de garantia de recursos vinculados às construções, comprometeram o resultado final da Rio 2016.
Mas isso não pode desmerecer o megaevento, que agora já está aí para acontecer. É preciso olhar pra frente, torcer que dê tudo certo durante a Olimpíada e que depois se faça bom uso do que foi produzido.
É patético jogar contra. É melhor avaliar a partir de hoje por que existem esses problemas e o que se deve fazer para evitá-los. A Copa do Mundo já havia sido tratada nessa base. Houve críticas e protestos agudos. Vários projetos relacionados, principalmente de mobilidade, emperraram. Apesar de tudo, o Mundial ocorreu com relativo sucesso.
Depois se questionou os estádios. Sim, alguns foram feitos em locais em que a capacidade de ter público permanente foi superestimada. Mas verifica-se também que foi necessário o País reconstruir sua infraestrutura esportiva, muito mal tratada e bastante obsoleta. Esse foi um legado importante.
Mas descobriu-se também que o Brasil tem dificuldade de gerir estádios, mesmo eles sendo modernos. Há uma necessidade premente de se avaliar isso. Ao contrário das arenas questionáveis, existem outras com enorme potencial de ter atividades regulares recebendo bons públicos, mas que continuam com dificuldade de encontrar a autossustentabilidade, como é o caso do Maracanã.
Os Jogos Olímpicos são uma oportunidade de se reconstruir (ou de se ter) equipamentos esportivos de ponta – e isso, sem dúvida, foi feito, mesmo aos trancos e barrancos. Parte será usada por esportistas de alto rendimento. O País precisa disso para atrair mais e mais jovens à prática esportiva, menos talvez para fazer campeões, e mais para criar novas oportunidades socioeducativas num País muito carente nesse campo.
Quanto à participação em si do Brasil na competição, é hora de torcer pelos brasileiros nos Jogos em todas as modalidades. Eles são o que temos de melhor, nascidos e criados, em sua maioria, na adversidade, mas que venceram. Eles, de certa forma, representam a superação da falta de transporte público e de assistência médica, e da carteira quebrada na escola. Não há motivos para ignorá-los – principalmente por que eles são também donos desse solo.