O ex-craque Rozier, aos 43 anos. Foto/Acervo Rozier Pinho.

Rozier – Outro craque de bola que surgiu nas peladas do Maracutaia

Francisco Dandão

Nas décadas de 1980 e 1990, um dos maiores celeiros de craques do futebol acreano foi o campinho do Maracutaia, no bairro da Estação Experimental, ao lado da sede da Fundação do Bem Estar Social do Acre (Funbesa). Dali saíram jogadores de técnica excepcional, como são os casos de, entre outros, Sabino, Rei Artur, Antônio Júlio, Delcir, Zito e Renísio.

No meio do grupo, dois talentosos irmãos, ambos meias-atacantes, daquele tipo de jogadores vocacionados para a busca incessante do gol, ganharam destaque: César Limão e Rozier. O primeiro marcou época com as camisas do Juventus e do Independência. Já o segundo, passou a maior parte da sua carreira no Rio Branco, mas também jogou fora do Estado.

Nascido em 10 de maio de 1977, Rozier Bezerra Pinho, além do Maracutaia também se destacou nas representações infantis de futebol de salão da Escola de Primeiro Grau Lindaura Leitão, igualmente no bairro da Estação Experimental. Era inegável para todos que viam aquele moleque “neguinho” em ação o veredito de que ele alçaria altos voos no futebol.

E então, nos primeiros anos da década de 1990, ele já se encontrava devidamente integrado às divisões de base do Rio Branco. “Eu fui levado para o Rio Branco pelo saudoso professor Nino. E fui muito bem acolhido pelo treinador Paulo Roberto. Tinha muito menino bom de bola no Estrelão. Não era fácil arranjar uma vaga. Mas comigo deu tudo certo”, disse Rozier.

Time principal e outras camisas

O primeiro jogo no time principal do Rio Branco aconteceu em 1997. Vinte e três anos depois, Rozier disse que não lembra quem foi o adversário, nem o jogador que ele substituiu, muito menos o placar do jogo. Mas é certo que ele correspondeu à expectativa, levando-se em conta que o seu contrato foi sendo sucessivamente renovado com o clube, onde permaneceu até 2009.

Marquinho Bombeiro, Rol, Rozier e Ben Jonson, momentos antes do treino do Vasco da Gama, em 1999. Foto/Manoel Façanha.
Vasco da Gama – 1999. Em pé, da esquerda para a direita: Railton, Barriga, Juscelâneo, Aírton, China e Rozier. Agachados: Jean, Mamude, Rol, Neibe e Marquinho Bombeiro. Foto/Rose Peres
Rozier com a camisa do Independência, em jogo contra o Atlético Acreano, em 2001.  Foto/Manoel Façanha.
Bebeto, Rozier e Mundoca, durante treino do Independência, em 2001. Foto/Manoel Façanha

 

Nesse período, entretanto, o craque vestiu outras camisas, por breves períodos, quase sempre por empréstimo. Em nível local: Vasco da Gama (duas vezes) e Independência. Fora do estado: Vitória-BA. No exterior: Deportivo Quevedo e Tungurahua, ambos do Equador. “Foram passagens rápidas, mas que ajudaram no meu amadurecimento”, garantiu Rozier.

Encerrado o ciclo no Rio Branco, Rozier ainda jogou no Juventus, no Atlético-AC e no Alto Acre, onde encerrou a carreira aos 35 anos. “Eu parei em plena forma. Corria mais do que muitos garotos. Mas tem uma hora que a gente tem que cuidar da vida. Entendi que o meu momento de pendurar as chuteiras era aquele. Acho que parei no tempo certo”, afirmou o ex-craque.

AC Juventus/2010: Jeferson, Jeferson Castanheira, Silvão, Marcelo Cabeção, Josimar, Felipe e Marcos Rocha (treinador de goleiros). Agachados: Tiago, João Paulo, Jonas, Antônio Marcos, Rozier e Coelho (comissão técnica). Foto/Manoel Façanha.
O meia-atacante Rozier com a camisa do Atlético-AC concede entrevista. Foto/Manoel Façanha.
Em 2012, o craque Rozier enfrenta o ex-clube com a camisa do Alto Acre. Foto/Manoel Façanha.

 

“E digo mais”, continuou Rozier, “à exceção do Alto Acre, que era um clube pequeno no cenário regional, cujo foco era não cair de divisão, eu sempre joguei em times vencedores. Pelo Rio Branco, por exemplo, eu disputei partidas memoráveis. Os adversários do Estrelão, naquele tempo, tremiam quando tinham que nos enfrentar aqui dentro do nosso terreiro”.

Alegrias, decepção e melhor parceiro

Rio Branco – 2004. Em pé, da esquerda para a direita: Marquinho Costa, Nego Cajazeira, Máximo, Erismeu, Acosta, Dudu, Vítor, Ismael, Rozier e Ananias. Agachados: Doka Madureira, Wilsinho, Babá, João Paulo, Marquinhos Calafate, César, Ley e Juliano César. Foto/Manoel Façanha.

 

De acordo com Rozier, foram muitas as alegrias que ele viveu como jogador de futebol. “Todos os títulos, e foram muitos, me proporcionaram grandes emoções. Mas a maior alegria foi num jogo do Rio Branco contra o Grêmio Coariense, pela série C de 2004. Eu estava voltando de contusão. Voltei voando, tanto que fiz um gol e dei um passe para outro”, explicou ele.

A maior decepção, segundo o ex-craque, ficou por conta do empate sem gols do Rio Branco contra o ABC-RN, na Série C de 2007. “A gente precisava de uma vitória simples para passar ao octogonal do torneio. Mas naquele dia, o Aloísio, goleiro dos caras, pegou tudo. Ao final, perdemos a vaga para o Bahia, que ganhou do Fast nos acréscimos”, comentou Rozier.

Quando perguntado sobre o melhor técnico que o dirigiu, Rozier disse que foram vários “professores” de altíssimo nível e que era impossível escolher apenas um. E aí citou cinco: Ulisses Torres, João Carlos Cavallo, Tarcísio Pugliese, Marcelo Altino e Toninho Cerezo. “Esses caras, cada um à sua maneira, me ensinaram muito. Devo muito a todos eles”, disse Rozier.

Em 2006, o craque Rozier mostra sua habilidade com a bola. Foto/Manoel Façanha.

 

Por último, ante o pedido para que Rozier dissesse quem foi seu melhor parceiro em campo, ele não hesitou um segundo para cravar Juliano César. E quanto à sua seleção de jogadores do futebol acreano da sua época, ele escalou o seguinte time: Klowsbey; Ley, Jorge, Carlos e Esquerdinha; Ismael, Wallace, Rossini e Testinha; Juliano César e Adriano Louzada.

Fac símile da página de Esportes do Jornal Opinião de 03 de outubro/2020.
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