Sabino em foto atual. Foto/Acervo Sabino Andrade.

Sabino – Apesar de destro, lateral fez o nome jogando pelo lado esquerdo

Pelo menos três dos cinco filhos homens do casal Pernambuco e Zélia, moradores antigos do conjunto habitacional Mascarenhas de Morais, jogaram futebol nos principais times do Acre: Eco (zagueiro), Antônio Júlio (atacante) e Sabino (lateral-esquerdo). Todos os três em alto nível, inclusive integrando diversas seleções regionais, e sempre titulares nas suas equipes.

Sabino Augusto de Andrade e Silva, o Sabino, que nasceu no dia 8 de janeiro de 1966, o mais jovem dos irmãos, despontou para o futebol depois de ser visto pelo professor Nino numa pelada no campinho da Funbesa (Estação Experimental). Nino, que trabalhava no Juventus, levou Sabino para os juniores do clube. Corria o ano de 1983 e Sabino estava com 17 anos.

Durante três anos (1983, 1984 e 1985), Sabino ganhou títulos nos juniores do Juventus. Mas em 1984 e 1985 ele alternou exibições nos juniores e na equipe principal. O detalhe curioso é que ele jogava como zagueiro nos juniores e como lateral-esquerdo no time de cima. Ele era destro, mas entrou do lado esquerdo numa emergência… E ganhou a posição.

Seleção Acreana de Juniores – 1983. Em pé, da esquerda para a direita: Carlos, Noca, Klowsbey, Delcir, Sabino, Niltinho, Isaac e Pipiúna. Sentados: Mauricinho, Venícius, Antônio Júlio, Julinho, Álvaro, Éricson e Fran. Foto/Acervo Francisco Dandão.

De 1983 a 1985, Sabino também frequentou todas as convocações para as seleções acreanas de juniores, comandadas pelos técnicos Viana e Illimani Suarez, jogando em Porto Velho, Manaus e São Paulo. Por conta das boas exibições, recebeu até convites para fazer testes na Portuguesa-SP e no Flamengo-RJ. A mãe Zélia, porém, não achou uma boa ideia e não autorizou.

Experiência em finais e um título inesquecível

Nos oito anos em que jogou (de 1983 a 1990), Sabino participou de todas as finais de campeonato. Vejamos: 1983 – campeão de juniores; 1984 – campeão nos juniores e no time principal; 1985 – campeão de juniores e vice no time principal; 1986 e 1987 – vice. Tudo isso pelo Juventus. Em 1988, campeão pelo Independência. E em 1989 e 1990, vice pelo Rio Branco.

Juventus – 1984. Em pé, da esquerda para a direita: Lécio, Milton, Mauro, Sabino, Aníbal e Roberto. Agachados: Venícius, Antônio Júlio, Guga, Gerson e Dadão. Foto/Acervo Francisco Dandão.

“Cada final que a gente joga e cada título que a gente ganha é uma emoção diferente. Mas desses todos, um eu diria que se sobrepôs aos demais. Foi o de 1988, quando eu estava no Independência e fiz o gol da vitória contra o Rio Branco. Ganhamos por 2 a 1. Eu fiz o gol do título do último campeonato amador do futebol acreano. Isso não tem preço”, disse Sabino.

“Eu marcava muitos gols porque gostava de atacar. E tinha liberdade pra isso. Nos times que eu joguei sempre havia alguém cobrindo o espaço que eu deixava lá atrás. Teve um ano, 1985, no Juventus, que eu marquei oito gols. Só fiquei atrás, como artilheiro, do Paulinho e do Antônio Júlio. Mas o gol mais emocionante foi aquele da final de 1988”, garantiu Sabino.

Juventus – 1986. Em pé, da esquerda para a direita: Marcos Cabelo, Gerson, Roberto, Sabino, Milton e Jorge Luiz. Agachados: Dadão, Neivo, Siqueira, Antônio Júlio e Borçato. Acervo: Francisco Dandão
Juventus – 1987. Em pé, da esquerda para a direita: Sabino, Normando, Zito, Rocha, Mauricinho e Carlinhos Magno. Agachados: Renísio, Carioca, ,Siqueira, Neivo e Antônio Júlio. Foto/Acervo Manoel Façanha.

No que diz respeito aos adversários que davam mais trabalho, Sabino citou os nomes de Paulinho Rosas, Roberto Ferraz, Dim e Ley. “Nos dias que eu enfrentava esses caras, aí eu tinha que atacar menos, ficar de olho mais aberto [rsrs]. Todos esses quatro eram habilidosos, dribladores e velozes. E, além de tudo, não eram pipoqueiros. Partiam pra cima mesmo”.

Independência – 1988. Em pé, da esquerda para a direita: Paulo Roberto (repórter), Sabino, César, Chinha, Klowsbey, Merica e Paulão. Agachados: Venícius, Mariceudo, Paulinho, Siqueira e Antônio Júlio. Foto/Acervo Pessoal Manoel Façanha.
Rio Branco – 1990. Em pé, da esquerda para a direita: Carlinhos Magno, Kleber, Sabino, Carlos, Chicão e Merica. Agachados: Val, Tinda, Nilson, Paulinho e Giovanni. Foto/Acervo Paulinho.

Grandes caras: jogadores, técnicos, árbitro

Sabino não foi capaz de nomear uma seleção acreana de todos os tempos apenas com onze jogadores. Pediu licença para escalar o seu time com doze. Burlou a regra mas não perdeu a parada e citou os seguintes nomes: Klowsbey; Mauro, Neórico, Paulão e Sabino; Gilmar, Carlinhos Bonamigo, Mariceudo e Dadão; Paulinho, Antônio Júlio e Roberto Ferraz.

Quanto aos melhores dirigentes do futebol local, Sabino ressaltou cinco nomes: Pingo Zaire (Juventus), Elias Mansour (Juventus), Sebastião Alencar (Rio Branco), Ivonaldo Portela (Juventus) e Adalberto Aragão (Independência). “Todos esses eram homens honestos e honrados. A gente podia assinar contrato com eles de olhos fechados”, afirmou o ex-lateral.

Os eleitos como técnicos mais completos, segundo Sabino, foram os cearenses Coca-Cola e Arthur Pai D’égua. “Ambos eram ex-jogadores que levaram para fora do campo toda a experiência das suas vitoriosas carreiras”, explicou ele. E no tocante ao melhor árbitro, Sabino disse que ninguém superou José Ribamar Pinheiro de Almeida. “Sabia tudo de arbitragem”.

Para concluir, o ex-lateral Sabino não se esquivou de fazer uma breve análise do futebol acreano atual. “Acho que o nosso futebol perdeu a sua essência no momento em que deixou de investir nas categorias de base. Nas categorias de base é que está o segredo. Sem esse investimento na base estamos fadados ao fracasso. A tendência é permanecer sempre onde está”.