FRANCISCO DANDÃO
Morador desde sempre do bairro São Francisco, onde começou a bater peladas ainda em criança, era natural que o adolescente Adessandro Dinamark de Melo Aguiar se iniciasse no mundo do futebol oficial no clube que leva o nome do local ou no Independência, cujo campo de treinos ficava (fica) no vizinho bairro do Aviário. Ele acabou escolhendo a segunda opção.
Nascido no seringal Andirá (AM), no dia 3 de setembro de 1984, Adessandro Aguiar já estava com 19 anos quando chegou ao Tricolor de Aço. E aí, duas coisas aconteceram de imediato. Primeira: ele passou a ser chamado de Sandro (bem mais fácil de ser narrado pelos locutores do que o nome de registro). E segunda: pelo futebol viril, fixou-se como volante.
“Eu sempre fui melhor nos setores de destruição do que exercendo funções de criação. Por isso passei a vida jogando em posições defensivas. Em várias situações, nos diversos times por onde passei, eu fui escalado como zagueiro e também como lateral-direito. Mas joguei mais como primeiro volante, naquele lugar de combate mesmo”, explicou Sandro.
Depois dos juniores do Independência, clube para o qual voltou mais tarde como profissional, Sandro jogou pelas seguintes equipes, no espaço territorial acreano: Vasco da Gama (levado pelo técnico Ulisses Torres), São Francisco, Andirá e Atlético. Mas ele também teve a oportunidade de jogar uma temporada fora dos limites do estado, no Holanda, de Manaus, em 2012.
Adversários complicadas e nomes em destaque
Sandro jogou numa época em que o futebol acreano era pródigo de bons atacantes e meias. Jogadores que ele, na condição de volante, tinha a obrigação de marcar. Ele relatou que três destes lhes davam muita dor de cabeça. Casos de Testinha, Juliano César e Rossini. “Com esses caras, a gente não podia descansar um minuto, tinha que marcar em cima”, afirmou.
Com tanta gente boa, Sandro não teve dificuldades para escalar um time de jogadores do futebol estadual que ele considera perfeito. Esse time formaria com Douglas; Ley, Dudu, Ceildo e Ananias; Zé Marco, Ismael, Rossini e Testinha; Juliano César e Eduardo Lopes. Entre os reservas, além de se incluir, ele citou Máximo, Diego, Jefferson, Luciano, Josy e Ailton.
Para dirigir uma equipe como essa, Sandro escolheu o nome do técnico Ulisses Torres, ressaltando a competência dele para traçar estratégias de jogo, bem como a capacidade para passar instruções aos atletas sob o seu comando. “Além disso”, contou o ex-volante, “o Ulisses foi quem primeiro acreditou no meu futebol e me deu a chance de mostrar isso em campo.”
Na condição de melhor dirigente com quem trabalhou, Sandro optou pelo nome do advogado Edson Izidório, presidente do Atlético, que “sempre cumpria a palavra empenhada”. E quanto aos melhores árbitros, o ex-volante citou os nomes de Antônio Neuricláudio e Josimar Almeida. De acordo com ele, tanto um como o outro árbitros tinham o maior respeito pelos atletas.
Ganhos com o futebol e conselhos
Sandro pendurou as chuteiras aos 32 anos, em 2016. Ele considera que ainda estava em plena forma física quando parou. Mas disse que ficou difícil conciliar os treinos e os jogos com o trabalho. Detalhe: quando o ex-volante fala de trabalho, se refere a um salão de cabeleireiro que ele montou justamente com o dinheiro que ganhou enquanto jogador de futebol.
“Eu devo dizer que sou grato ao futebol. Ser jogador era o meu sonho de moleque. É verdade que não consegui tantos bens jogando bola porque no Acre se ganha muito pouco. Os atletas, por isso, têm que cuidar para ter outros trabalhos e profissões. Mas, dentro dessa realidade, além do salão de cabeleireiro, eu comprei uma moto e construí uma casa”, garantiu Sandro.
Apesar da realidade pouco atrativa para um jogador de futebol no Acre, Sandro disse entender que é possível um menino crescer no esporte e se mudar para centros mais evoluídos. Para isso, ele disse que o candidato a craque deve “focar nos objetivos que deseja atingir e se dedicar nos treinos. A oportunidade um dia vai chegar e é preciso estar preparado pra essa hora”.
Por último, diferentemente da maioria dos ex-jogadores, que quase sempre almejam seguir trabalhando em alguma atividade ligada ao futebol, Sandro garantiu que por enquanto vai seguir tocando a vida na sua profissão de cabeleireiro. E num futuro ainda sem definição de prazo, o que ele pretende de fato é ajudar o pai a tocar uma fazenda no estado do Amazonas.