Ser ou não ser: uma questão

Um dia desses, eu postei uma fotografia no Facebook e provoquei, sem querer, uma grande discussão. A foto, de uma formação do Juventus de 1970, alinhava os seguintes atletas: Filogônio, Deca, Milton, Vute, Antônio Maria, Dezenove, Nilson, Eliézio, Nemetala, Nelcirene e Elísio.

A discussão girou em torno da quantidade de ótimos jogadores que existia no futebol acreano de antigamente. Para alguns internautas, muita gente que jogava bola por aqui na década de 1970 poderia fazê-lo em qualquer lugar do país. Para outros, isso não seria, exatamente, verdade.

Teve gente exagerada, do lado dos ufanistas, que garantiu até a posição de titular absoluto da seleção brasileira para um ou outro craque nativo. E teve gente do contra, do lado dos distopistas, que afirmou que os jogadores acreanos da época não brilhariam nem nos times amazonenses.

Eu, que era o dono da postagem, não quis entrar na discussão. Fiquei de longe só observando o gládio entre os “a favor” e os “muito pelo contrário”. Não achei oportuna a minha manifestação naquele momento de opiniões exaltadas. Deixei para opinar depois, o que faço agorinha, aqui.

No meu entendimento, independente de época e lugar, em qualquer quadrante deste ainda exuberante (apesar de vilipendiado) país nasce gente boa de bola sim. Muitos conseguem destacar-se longe das suas regiões de origem. Alguns tentam e não conseguem. E outros se perdem no caminho.

No passado, por exemplo, o Acre teve pelo menos dois garotos promissores que andaram jogando na base de grandes clubes brasileiros: Dadão, no Fluminense-RJ, e Zé Augusto, no Flamengo-RJ. Por motivos diversos, mas não por falta de categoria, eles acabaram voltando pra casa.

No caso do Dadão, que ainda teve tempo de ser vice-campeão sergipano pelo Itabaiana, em 1972, a versão que se conta para o fato de ele não ficar no Fluzão, foi a de que o pai dele exigiu um salário muito alto. E o Zé Augusto disse-me que não ficou na Gávea porque não podia estudar.

Depois, ainda nessa linha de sucessos dos futebolistas acreanos, já mais pra cá, cronologicamente falando, pelo menos três outros nomes me surgem na memória como exemplo de sucesso em outros sítios: Adriano Louzada, Artur e Doca Madureira. A Europa reverenciou o bolão deles.

Por último, mas não finalmente, que esse show não pode parar, cito o maior de todos, do ponto de vista do sucesso no mundo da bola: Weverton, nosso goleiro campeão olímpico e da seleção brasileira. Dessa forma, penso que está provado que os boleiros locais têm o seu valor sim senhor!