Sob pressão, o futebol brasileiro pós-Copa coloca à mesa de quem decide temas importantes, que antes não passavam de acaloradas discussões de botequim. É um começo!
O caso de racismo contra o goleiro santista Aranha e a punição ao Grêmio com a eliminação da Copa do Brasil, mostra uma Justiça Esportiva disposta a pôr em prática a lei nesse campo, muitas vezes ignorada em todas as áreas.
Atos de homofobia, que estão a reboque do caso de racismo, passaram a ser condenados por clubes temendo futuras punições. O manifesto do Corinthians antes do clássico com o São Paulo para que acabassem com o grito de “bicha” em seu estádio, foi emblemático em um ambiente tão machista.
Em outra vertente, o encontro da TV Globo com os 20 clubes da primeira divisão teve reclamação direta à emissora dos horários das partidas de futebol. O problema chegou ao ponto do Corinthians passar a jogar mais cedo às quintas-feiras, porque às quartas-feiras, às 10 da noite, para atender a TV aberta, comprometia a volta de seus torcedores para casa devido ao fechamento de metrô e trens.
São temas pontuais, mas importantíssimos de serem discutidos. São assuntos que criam diálogo efetivo pró-torcedor nunca antes colocados à baila de forma oficial.
O impasse no Itaquerão é surreal, mas foi ótimo para abrir o debate de uma arena recém-construída pertencente a um clube com uma torcida gigantesca. Por causa do futebol terminando tarde da noite, o Governo do Estado quase ampliou o horário de funcionamento do transporte público para um ente privado (no caso o Corinthians).
Onde já se viu isso? O contribuinte paga a hora extra dos funcionários do metrô e trens, além da energia elétrica, e diminui-se o tempo de manutenção do sistema, por causa do funcionamento de um estádio de futebol. O problema disso é dos clubes e de quem detém os direitos de transmissão, não do Estado.
Embora problemas se espalhem fora e dentro de campo, faz-se necessário buscar aos poucos soluções de práticas que diminuem o futebol brasileiro. É um começo para um paciente debilitado e acostumado a ignorar esse tipo de coisa.
Augusto Diniz