Sol nascente

Não é sem propósito que o Japão é chamado de “o país do sol nascente”. Por uma questão de convenção espacial geográfica, é de lá que o chamado astro-rei inicia o seu ciclo diário. E na sua jornada rumo ao oeste, 12 horas depois chega por aqui pela terra brasilis, de negacionistas e que tais.

A eleição de Tóquio para sediar as Olimpíadas de 2020 foi realizada em setembro de 2013. A capital japonesa venceu a disputa contra Madri e Istambul. A essa altura, levando em conta que já se passaram oito anos desde a definição, eu já não sei se a eleição foi com urna eletrônica ou com cédula.

Também, pouco importa se a eleição para escolher a sede das Olímpiadas foi com urna eletrônica ou com cédula de papel. O que importa é que ninguém veio a público falar em fraude ou coisa que o valha. Alegação de fraude é coisa de golpista, gente que já sabe da derrota antes do fato.

Fico pensando nisso enquanto assisto na televisão a abertura dos Jogos Olímpicos de 2020, adiados em um ano por causa da pandemia do maldito coronavírus. O mundo aos poucos vai voltando ao normal, mas ainda falta muito para que a gente tenha a mesma mobilidade que tinha antigamente.

Eu havia me programado para ir à Olimpíada do Japão. Já estava, inclusive, frequentando um curso básico da língua japonesa. Eu não podia imaginar que o planeta ia passar por uma convulsão dessa natureza. Acho que ninguém, à exceção de alguns chineses, imaginaria uma coisa dessas.

Depois que a Olimpíada foi adiada, eu ainda tive a esperança que a minha viagem daria certo. Na minha cabeça cada vez mais confusa, eu imaginava que as fronteiras seriam liberadas tão logo eu tomasse a vacina. Tomei a vacina (aquela do João Dória) mas ainda assim não pude ir à Tóquio.

Não deu certo. A sabedoria popular diz que o homem faz e Deus desfaz. Isso não significa que a gente tenha que seguir a vida assim ao sabor do vento, sem um mínimo de planejamento. Significa somente que a gente tem que ter sempre um plano B. Uma alternativa para seguir em frente.

Creio que muita gente viveu (vive) a mesma situação que eu vivi (estou vivendo) ao redor do mundo: planos frustrados para ir à Olimpíada. Menos mal que as infovias tecnológicas nos trazem as imagens em tempo (ir)real. E, dessa forma, se pode acompanhar tudo sem medo da distância.

É isso… No mais, só pra dizer que não vou abdicar de ir ao Japão quando passar a pandemia. Agora não mais para acompanhar as disputas olímpicas. Só mesmo para assistir o nascer do sol debaixo das cerejeiras. Nas minhas viagens, ainda não botei os pés na Ásia. Quero começar pelo Japão!