País de dimensões continentais, o Brasil obriga os times que disputam os campeonatos nacionais a percorrerem grandes distâncias. E então, para ir de um ponto a outro, não raro, caso as equipes passem de fase, se duvidar, a soma dos percursos pode equivaler a uma (ou mais) volta ao redor da Terra.
Sem contar a questão da logística. Não existem (nem poderiam existir) voos que liguem todas as cidades brasileiras. Por conta disso, para se deslocar do ponto A para o ponto B frequentemente um elemento vai e volta nas mais diferentes direções, tal e qual uma biruta maluca ao sabor do vento.
Nesse recente jogo do Rio Branco contra o Pacajus, pelo que eu li nos sites, o Estrelão teve que viver uma verdadeira saga para chegar ao local do confronto, no interior do Ceará, tendo que dormir mais de uma vez (contando a ida e a volta) em uma cidade diferente àquela marcada para o combate.
Nessas situações, não há preparo físico que resista. Para além da bola e da técnica necessárias para ser feliz, entra em campo um planejamento minucioso feito pelos profissionais que atuam nos bastidores das diversas equipes. Um passo em falso e tudo pode desaparecer num buraco negro.
Levando-se em conta todo esse preâmbulo, o empate do Rio Branco contra o Pacajus, em plena caatinga (é isso mesmo?), no meu ponto de vista, foi um resultado excelente. A despeito da possibilidade de vitória que bem poderia ter acontecido, a igualdade no placar ficou “bom demais da conta”.
Agora, para este domingo, 31 de julho, mês que as crônicas históricas antigas dedicam ao imperador romano Júlio César, como se diz na gíria, o negócio vai ser mais embaixo. Quem vai padecer das agruras da viagem vai ser o pessoal do Pacajus. Se duvidar, Bagdá é muito mais pra cá. Bem mais!
Nessa situação, eu não posso deixar de lembrar uma frase usada pelos meninos da minha geração (sim, faz tempo, eu sei), quando queriam prometer uma vingança contra um desafeto que havia praticado alguma ofensa (fosse calúnia, injúria, difamação ou porrada na cara mesmo): “Te pego na volta”.
Pegar na volta é tudo o que o Rio Branco precisa para eliminar o Pacajus e passar de fase na Série D, em busca de subir um degrau na escada do futebol brasileiro. A escalada é árdua, mas, no meu entender, nada impossível. Pior foi a missão dada a Sísifo, o cara da pedra e da montanha, lembram-se?
Pois então é isso. Acabou ficando um texto cheio de clichês, como não recomendam os melhores manuais de redação. Mas eu não consegui resistir. Se o buraco é mais embaixo e se a gente tem a oportunidade de pegar o desafeto na volta, que assim seja. Eu acredito. Ora se acredito. Acredito sim!