Na temporada 2019, o goleiro Thiago voltou a defender o Tricolor de Aço. Foto/Manoel Façanha.

Thiago – Goleiro paulista fez do Acre o seu porto de destino

FRANCISCO DANDÃO

Após alguns anos atuando no futebol acreano, o goleiro paulista Thiago Luiz Flordelis Carneiro Ferreira fixou residência em Xapuri, onde constituiu família e começa a dividir suas atenções entre a bola (apesar de não estar ligado a um clube, ainda pretende jogar algum tempo), o comércio (é dono de uma pizzaria) e a política (vai concorrer nas próximas eleições).

Para que se compreenda o percurso de Thiago da cidade de Caieiras, onde ele nasceu no dia 14 de abril de 1988, a Xapuri, é preciso retroceder no tempo e chegar até aos primeiros anos do século XXI, quando ele foi convocado para a seleção de Franco da Rocha (cidade para onde a família do goleiro se mudara), para jogar um torneio infantil em Foz do Iguaçu (PR).

 “Eu fui convocado para essa seleção pelo professor Ari Greco, que por aquela época voltara de um trabalho no Marrocos e havia criado a escolinha de futebol Meninos do Brasil. Ele sempre me apoiou e me deu muitas oportunidades. E ele via que eu treinava tanto que um dia me disse que se eu não virasse goleiro profissional, não sabia o que poderia ser”, disse Thiago.

Seleção de Franco da Rocha (SP) – 2006. Em pé, da esquerda para a direita: Pepe, Maikon, Edson, Gustavo, Everton, Adriano, Guga, Thiago Bete, Betão, Vinícius, Thiago Luiz e Márcio. Agachados: Francisco (técnico), Thiago Gonçalves, Thiago Malta, Maikon Leite, Piu, Força, Thiago Vilanova, Alexandre, Maikon e Diogo. Foto/Acervo Thiago Luiz.

“Eu gostava tanto de futebol, e estava tão disposto a perseguir o meu sonho, que quase todo dia dava um jeito de treinar. No começo, eu segurava pouco e rebatia muito as bolas. Por conta disso, me apelidaram de ‘Mão de Pau’. Mas eu tive vários treinadores, como o Armando Sá e o Francisco Gonçalves, que me ajudaram a superar essa deficiência”, afirmou Thiago.

Início da trajetória profissional

O início da carreira profissional do goleiro Thiago Flordelis se deu em 2005, quando ele foi convidado para jogar no paranaense Arapongas. A estreia foi contra o Londrina. Visto como um jovem promissor, não faltaram convites para ele mudar de casa. Tanto que em seguida Thiago passou por mais dois times do Paraná: Nacional de Rolândia e Portuguesa Londrinense.

De volta a São Paulo, entre 2006 e 2009 Thiago jogou por vários times, entre os quais o Campo Limpo Paulista, o Fernandópolis e a Seleção de Franco da Rocha (nos Jogos Regionais Paulistas), ao mesmo tempo em que passou a fazer parte do elenco de uma empresa de gerenciamento de carreiras de atletas, a Vitória Gerenciamento Esportivo. E até fez um teste no Guarani.

“Fiquei três dias treinando no Brinco de Ouro [estádio do Guarani]. Infelizmente não fui aprovado. Mas eu considero que fui bem. O que eu acho que pesou contra mim foi o fato de que eu não tinha empresário. Mas aí a vida seguiu e quando chegou 2010 começou a minha saga pelas estradas do Brasil, no Pantanal, de Ladário, no Mato Grosso do Sul”, explicou o goleiro.

No futebol sul-mato-grossense, Thiago já chegou na segunda fase do campeonato estadual, com o Pantanal na zona da degola, lutando desesperadamente para permanecer na elite. Mas não adiantaram os esforços dos diretores, nem os reforços contratados. O time foi mesmo rebaixado e todo mundo dispensado. Thiago, então, fez o caminho de volta a São Paulo.

Fernandópolis (SP) – 2009. Thiago é o primeiro em pé. Foto/Acervo Thiago Luiz.

Uma bússola apontando para o Norte

Adesg – 2011. Em pé, da esquerda para a direita: Paulo Capão (técnico), Thiago, Rogério, Bigal, Marcão, Adriano Feitosa (treinador de goleiros) e Francisco Roberto (preparador físico). Agachados: Ciel, Zagalo, Platini, Anderson, Elizeu, João Paulo e Asafe. Foto/Francisco Dandão.

O ano de 2011 começou com Thiago integrado ao time do Corumbaense (MS). A pré-temporada já estava com duas semanas de atividades. Aí ele recebeu uma mensagem de um amigo de Rondônia, que jogara com ele anos atrás, e sua bússola apontou para o Norte. Destino: a Adesg, de Senador Guiomard, cujo treinador de goleiros era Adriano Feitosa.

“Esse meu amigo conhecia o professor Adriano e me disse que eles estavam precisando de um goleiro. Como eu não havia ainda assinado contrato com o Corumbaense, e como a proposta que me fizeram era boa, aceitei e vim para o Acre, onde cheguei no dia 25 de fevereiro de 2011. A ideia era ficar uma temporada, mas acabei ficando de vez”, afirmou Thiago.

Independência – 2012. Em pé, da esquerda para a direita: Thiago, Otávio, Elenilson, Cairo, Jereca, Afonso e Francisco Roberto (preparador físico). Agachados: Layo, Ciel, Amaral, Chiquinho e Aislan. Foto/Francisco Dandão.

De lá para cá, entre idas e vindas, Thiago defendeu outros três times: Amax (Xapuri), Alto Acre (Epitaciolândia) e Independência (Rio Branco). E disse que não pretende parar tão cedo. “Estou com 32 anos e acredito que ainda posso contribuir dentro das quatro linhas. Enquanto isso aproveito para também me iniciar como técnico do Grêmio Xapuriense feminino”, garantiu.

Alto Acre – 2013. Em pé, da esquerda para a direita: Paulo Capão (técnico), Rivaldo (sec. De Esportes de Epitaciolândia), Edvan, Doda, Vaca, Tinga e Thiago. Agachados: Macaxeira, Mauro, Bil, Kalil, Layo e Pelado. Foto/Francisco Dandão.
Amax – 2015. Em pé, da esquerda para a direita: Adriano Feitosa (treinador de goleiros), Thiago, Neto, Pé de Ferro, Rubens, Vágner e Papelim (técnico). Agachados: Layo, Gato, Kézio, Éder, Luiz Henrique e Vaca. Foto/Francisco Dandão.
Grêmio Xapuriense – 2019. Em pé, da esquerda para a direita: Thiago (técnico), Rauane (auxiliar), Maria Luísa, Jéssica, Matiela, Fabíola e Fernanda. Agachadas: Marciane, Lolinha, Ana Luísa, Peru, Tailane, Marcela e Alissa. Foto/Francisco Dandão.

Por último, Thiago não se eximiu de opinar sobre a carreira de jogador de futebol. “Digo para todos os jovens que já treinei que se tiver foco nos seus objetivos e dedicação nos treinamentos, procurando sempre seguir os ensinamentos dos treinadores, dá pra chegar longe. Vencer no futebol não é fácil, mas tudo poder dar certo com bastante dedicação e muita fé em Deus”.

Fac símile do Jornal Opinião de 01 de agosto de 2001