Apesar da pandemia, o futebol segue a vida em alguns estados brasileiros. E, nessas de vida que segue, já pintam decisões estaduais aqui e ali. No Rio de Janeiro já até saiu o campeão: aquele time cujo mascote é um urubu e que eu, como verdadeiro Tricolor, me recuso a dizer o nome. Rsrsrs.
Aqui no “Estados Unidos do Ceará”, onde o meu barco se encontra ancorado desde maio de 2015, os finalistas do campeonato estadual, pra variar, são Ceará e Fortaleza. Digo “pra variar” porque essas são as duas maiores forças do futebol estadual e quase sempre estão na disputadas finais.
Por isso mesmo é que eles chegam pela terceira vez consecutiva a essa posição de decidir o título cearense. Tudo mais ou menos como naqueles antigos filmes de faroeste, em que um monte de facínoras vai ficando morto nas pradarias até o último duelo, entre o mocinho e o vilão, na rua principal.
O detalhe interessante é que até o tiro fatal ninguém sabe quem é o mocinho e quem é o vilão. O mocinho vai ser o que vencer, enquanto que o papel de vilão vai caber ao perdedor. São dois pistoleiros, por assim dizer, com as miras afiadas, armados até os dentes e com estratégias bem definidas.
No correr da história do futebol regional, esse confronto entre Vozão (Ceará) e Leão (Fortaleza) é de extremo equilíbrio. Até aqui eles decidiram o campeonato cearense em 33 oportunidades. O Fortaleza venceu 17 vezes, contra 16 do Ceará. Pau a pau. Quem cai, trata de levantar e limpar a poeira.
Mas enquanto o Fortaleza leva vantagem no confronto direto, o Ceará foi campeão mais vezes. O Vozão levantou o caneco 45 vezes. Já o Leão do Pici “só” obteve essa primazia em 42 oportunidades. Ou seja, o vento que venta lá também venta cá. E o olho deve ser sempre no cravo e na ferradura!
Pra essas finais que se aproximam, cada um dos contendores tem suas armas bem definidas. Eles não dizem, é claro, que sempre se acredita poder contar com o efeito surpresa para pegar o adversário de calças curtas. Eles fazem treinos secretos e não dizem, mas todo mundo sabe muito bem.
Pelo lado alvinegro (Ceará) as apostas se fixam, primordialmente, nas figuras de dois veteranos: o goleiro Fernando Pras e o atacante Rafael Sobis. Rodados no futebol brasileiro, os dois antigos ídolos de vários times aportaram na terra de Iracema para somar experiência à turma do Vozão.
E pelo lado do tricolor (Fortaleza), a aposta principal é na capacidade do técnico Rogério Ceni de fazer os seus comandados executarem a tática perfeita sobre os oponentes. Ceni e Fortaleza tem sido um casamento perfeito. O melhor haverá de vencer, ainda que a gente só possa ver pela TV!