Há uma expectativa muito grande sobre o desempenho do Flamengo em 2017. Existe um consenso de que o time de futebol do clube encontrou o caminho da estabilidade financeira, administrativa e técnica, capaz de transformar isso em conquistas.
Em meio a esse desenvolvimento crescente que pode fazer de 2017 um ano bastante positivo para o rubro-negro, não há lógica alguma a equipe, neste importante momento, abdicar de jogar no seu grande palco, o Maracanã.
Foi depois da Copa do Mundo que o Flamengo entrou em conflito com a concessionária que assumiu o estádio carioca. A partir daí, as incertezas da atuação do clube no local passaram a ser constantes. Vieram os Jogos Olímpicos e a falta de acordo continuou, levando a um impasse hoje que pode atrapalhar de vez os planos de uma nova fase de vitórias do clube.
Com todo respeito ao estádio da Portuguesa, na Ilha do Governador, mas não faz muito sentido o momento bom em que passa o time da Gávea, com possibilidade de atrair de volta a sua grande massa de torcedores às arquibancadas, ir jogar em uma arena com pouco mais de 20 mil lugares e de difícil acesso.
Só se for para confrontos contra time pequeno, atuando com equipe reserva no falido Campeonato Carioca. O resto é desrespeito com o torcedor e sua história, depois que passou os últimos tempos percorrendo o País, ora por desacordo com os administradores do Maracanã, ora por dinheiro, ora por que seu grande palco estava fechado para organização dos megaeventos esportivos realizados no Rio.
É preciso que a atual gestão do Flamengo faça todos os esforços para fazer o clube atuar no Maracanã, com capacidade para mais de 70 mil torcedores. Isso é dar a dimensão exata à situação, de uma equipe com chances reais de avançar na mais relevante competição do continente, a Libertadores, e de ter grandes atuações nos diversos certames agendados no futebol brasileiro.
O consórcio de administração do Maracanã negocia com o governo do Rio um distrato do negócio inicialmente feito no começo da concessão. Ou essa resolução sai, ou o Estado perde mais uma oportunidade de tentar ocupar esse elefante que até onde se sabe, só sairá da inércia, se o rubro-negro ocupar esse espaço.
O curioso é que todo mundo reconhece o prejuízo: o Flamengo de ir atuar na Ilha do Governador, o consórcio por não possuir uma agenda permanente de atividades no estádio, e o governo de ter de manter um mostrengo de concreto que suga milhões de reais por mês com manutenção sem algum retorno.
Esperava-se que os novos estádios construídos para o Mundial criasse nova cultura de gestão de arena no País, autossustentáveis e com intensa agenda de acontecimentos. O Maracanã, inclusive, seria o maior exemplo disso, por estar bem localizado, com acesso fácil de vários meios de transporte, aliada à sua rica história.
Nada disso aconteceu. Não é possível que não haja hoje um entendimento disso.