Tolerância à vista com a CBF

Em meio às dúvidas do que irá acontecer neste domingo na votação do impeachment, há também de se avaliar algumas incertezas com relação ao futuro do futebol brasileiro – principalmente se Dilma for afastada do cargo.

Opositora do governo, a CBF deve comemorar. Se já havia certa tolerância na investigação de autoridades com relação aos atos da entidade, por certo isso se ampliará caso Temer assuma.

Desde que explodiu o “Caso FIFA”, em maio do ano passado, quando o ex-presidente José Maria Marin foi preso na Suíça, nada de efetivo aconteceu por aqui para investigar os possíveis dirigentes brasileiros envolvidos no escândalo.

Ao contrário, foi até bloqueado estranhamente, por meio de uma decisão da justiça do Rio de Janeiro, troca de informação entre o Ministério Público brasileiro com o FBI, órgão norte-americano responsável pelos trabalhos de apuração da corrupção global envolvendo a FIFA, entidades continentais de futebol, seus dirigentes, além de agentes de marketing e de compra e venda de direitos de transmissão, de patrocinadores e emissoras de televisão.

O MP tenta recorrer da decisão, que já se arrasta há meses. A Polícia Federal chegou a divulgar também há quase um ano, que investigaria o caso a partir de denúncias divulgadas pelas justiças norte-americana e suíça, mas nada aconteceu de concreto.

Temer e seus aliados têm presença hoje em postos-chave na CBF, em federações e clubes. Por certo trabalhará ainda mais para jogar panos quentes em malfeitos em um grande acordão de apoio – prevendo-se até menos pressão sob suas costas, o presidente da CBF Marco Polo Del Nero já despacha normalmente na sede da entidade, quando antes licenciado quase não aparecia; só continuará não podendo viajar para o exterior, com a ameaça clara de ser preso, pois lá fora a justiça se mostra mais séria com as denúncias contra o cartola.

A CPI do Futebol, no Senado, também caminha para um relatório sem grandes novidades. Desafetos de Romário, os dirigentes da CBF apanharam de todos os lados na comissão e o ex-jogador ganhou os holofotes. Nada apareceu de novo – ou pelo menos não foi divulgado -, principalmente com relação às empresas parceiras da entidade, o que leva a crer no pouco avanço dos trabalhos.

Além disso, a CPI pode ser encaixada também dentro da esfera do possível acordão de Temer e seus aliados com os atuais mandatários do futebol brasileiro.

Enfim, há indicativos de que os tempos poderão ser outros, com a volta da marcação ainda menos cerrada à CBF.