Sempre que vejo a Argentina em campo, não posso deixar de me lembrar do ex-árbitro e ex-técnico de futebol José Ribamar Pinheiro de Almeida, falecido em janeiro de 2017. Acreano de Xapuri, o Ribamar morria de amores pela seleção portenha. Vibrava nas vitórias e sofria nas derrotas!
E apesar da diferença no número de títulos mundiais entre Brasil (cinco) e Argentina (dois), para o Ribamar isso era um mero detalhe. De acordo com ele, o país vizinho toda vida foi um celeiro de craques bem mais fértil do que a nação aqui do samba, do amor e também da pilantragem.
Por esses dias, a propósito, resgatei uma entrevista que fiz com o Ribamar, em 2004, na TV Aldeia, onde ele conta direitinho essa sua preferência pelo futebol de los hermanos, falando da sensação dele quando via a cor da camisa argentina entrando em campo. Paixão total e absoluta!
Aliás, o Ribamar não era fã somente do futebol argentino. Ele admirava a cultura deles como um todo. A ponto de me dizer, lá pelas tantas, que só não teria coragem de ir pra guerra ao lado deles, num eventual conflito contra o Brasil. Mas, de resto, em tudo o amor dele pendia para os gringos.
Transcrevo um trecho do que o Ribamar me disse a respeito do assunto. “Olha, se o Brasil for pra guerra contra a Argentina, seguramente eu vou defender o Brasil. Agora, se o assunto for uma canção, eu prefiro de longe o Luis Miguel, que é o maior cantor do mundo no meu entender”.
Continuando. “A seleção argentina quando entra em campo, com aquele uniforme, aquelas meias tudo no mesmo lugar, aquela elegância, aquela forma de jogar com refinada classe, aquele toque de bola, aqueles carrinhos perfeitos… É um jeito de jogar diferente”, explicou o Ribamar.
Mais um fragmento. “Quando a Argentina vai para um jogo mexe comigo, eu fico louco da vida. Já tomei dois litros de uísque para comemorar uma vitória da Argentina. Na Copa de 1978, quando a Argentina foi campeã, eu saí correndo pela rua. Nem vi o gol do Kempes, na prorrogação”.
A paixão do Ribamar pela Argentina, segundo o próprio me confessou, o ajudou inclusive a compreender as reações dos torcedores, que ele não entendiana época em que era árbitro de futebol. “Eu só passei a entender a paixão dos torcedores quando eu também me apaixonei”, afirmou.
Sobre o jogo dessa terça-feira (16), com vitória do Brasil por 1 a 0, com gol do zagueiro Miranda no último minuto do segundo tempo, eu acho que o Ribamar diria o seguinte: “A Argentina estava sem os seus principais jogadores. E ainda assim engrossou o caldo”. Grande Ribamar… Que Deus o tenha na glória!