Antes de mais nada, veículo de comunicação é para ganhar dinheiro e dar lucro. Sem isso, não há sobrevivência do negócio – principalmente nesses tempos de rápida transição tecnológica, onde esse tipo de empresa necessita ficar atenta aos movimentos velozes do público e suas tendências.
O fim do canal Esporte Interativo, especializado no tema, vem a reboque dessa acelerada transição do mercado global e, ao mesmo tempo, sua necessidade de seguir os caminhos da audiência.
Essa emissora de televisão por assinatura vinha nos últimos anos fechando com vários clubes das Séries A e B a transmissão de seus jogos do Campeonato Brasileiro a partir de 2019, quando os contratos poderiam estar em período novo de vigência e os acordos com a antiga transmissora de futebol findados. Nesse tempo, vários times assinaram com o Esporte Interativo.
Agora, o grupo proprietário do Esporte Interativo, que pertencia à norte-americana Turner e passou às mãos da também norte-americana AT&T, informa que a programação do canal passará a integrar, no Brasil, a grade de outros dois canais existentes da mesma companhia: o TNT e o Space.
Ressalta-se que o a Liga dos Campeões já era transmitida no Brasil por esses dois últimos canais citados – que pertenciam ao grupo Turner e também foram adquiridos pela AT&T. É que o Esporte Interativo custou a fazer acordo com operadores de TV por assinatura no País para entrar no seu line up – a dificuldade foi imposta por conta de resistência dos canais de esporte por assinatura da Globo, não satisfeita em ter a concorrência do Esporte Interativo.
Por conta dessa disputa, o então grupo Turner passou a transmitir partidas da Liga nos outros canais já alinhados nas operadoras de TV. Ressalta-se que a AT&T é dona da Sky, operadora de TV por assinatura no País – o que também fez com que o Esporte Interativo fosse descartado, segundo a AT&T, para adaptação às regras regulatórias de quem detém plataforma multicanal e gera conteúdo ao mesmo tempo.
Mas essa transição do Esporte Interativo para dentro da programação dos canais TNT e Space, segundo os seus atuais proprietários, tem a ver com a tendência norte-americana de criar canais de TV com programação diversificada de alto nível, os chamados superstations.
Os clubes que fizeram acordo com o Esporte Interativo devem entender essa realidade, mas se sentirem prejudicados podem procurar seus direitos. No entanto, não creio que o grupo do canal de esportes queira quebrar contrato de acordos feitos no passado, sujeito a perder ações milionárias, além de criar problemas sérios aqui no País.
Outro dia também li que a Globo foi atrás de Neymar para saber de seu interesse em permanecer no PSG, simplesmente por que não sabe se compra ou não os direitos de transmissão do Campeonato Francês.
Pesa também contra a emissora a citação dela recente na Justiça dos Estados Unidos de ter pago propina a dirigentes de futebol pelos direitos de transmissão das copas de 2026 e 2030 – ressalta-se que a Globo já havia sido mencionada em operação semelhante no chamado Caso Fifa.
Enfim, esses são os bastidores da transmissão de futebol no País. Uma coisa não dá para negar: trata-se de um negócio poderoso.