Um apagão e alguns trocados

Como os meus amigos mais chegados sabem, moro no Ceará desde 2015. Aposentei do serviço público federal e me mudei para as terras alencarinas. A mudança, porém, não me impede de acompanhar o futebol do Acre. Mas é certo que vivo mais amiúde as emoções do futebol cearense.

No meu núcleo familiar, a propósito dessas emoções, existem quase em proporções iguais torcedores do Ceará e do Fortaleza. Dessa forma, quando todo mundo se junta, de modo geral em torno de uma boa panelada, regada a alguns litros de cerveja, não raro a discussão se torna polarizada.

Felizmente, como não existe ideologia criminosa pelo meio, a discussão não descamba para ofensas morais ou, muito menos, atentados a tiros contra a vida uns dos outros. E assim, quase sempre tudo termina na mais absoluta gozação (cearense já nasceu “mangando” do mundo). Rsrs.

Nesse domingo passado, por exemplo, quando nos reunimos para assistir ao jogo do lanterna Fortaleza contra o líder Palmeiras, na hora do apagão dos refletores, supostamente por conta de uma falha na rede elétrica do Castelão, não faltaram versões divergentes para explicar o blecaute.

A galera do Fortaleza garantiu que o apagão foi providencial ao Palmeiras. Na opinião dessa turma, embora o jogo já estivesse nos estertores (44 minutos do segundo tempo), o gol do Tricolor do Pici, que o tornaria vencedor da contenda, era só questão de mais alguns poucos segundos.

Já para a galera simpatizante do Vozão, o que aconteceu foi fruto de algum tipo de manobra para impedir que o Fortaleza acumulasse mais uma derrota (no caso, a décima em 16 jogos do Brasileirão da Série A). Para estes, um golzinho do Palmeiras era só questão de mais alguns míseros instantes.

No final das contas, o que a realidade materializou, depois do empate, foi um Fortaleza segurando firme a lanterna da competição (lanterna e apagão, tudo a ver), numa campanha sofrível e impossível de ser prevista uns meses atrás. E doravante pode piorar, já que o Pikachu vai para a Ásia.

Mas nem essa situação desagradável do Fortaleza pode servir muito de gozação para os meus parentes torcedores do Ceará. É que o Vozão, ao ser derrotado pelo Fluminense, no sábado, no Maracanã, e depois de uma combinação de outros resultados, também desceu para a “zona da confusão”.

É isso, meus caros amigos. Se os dois representantes do futebol do Ceará não quiserem morrer abraçados daqui a alguns meses, precisam urgentemente dar um jeito de nadar para longe das pedras da praia de Iracema. Até outra hora. Preciso ir ali assistir a uma aula da gramática árabe!